17 de novembro de 2006

Pós de aroma

Como uma tatuagem de Hollywood, gravada pela minha pele naquele tecido macio, onde deixei tombar a cabeça pesada, mas vazia de muito.

Uma, talvez, marca com tempo para ser tocada e momento para desaparecer, devagarinho, sem pressa, ao chegar da madrugada, ao romper do nevoeiro da manhã. Uma quase gravura, sem relevo, sem marca de cinzel. Uma espécie de pintura de mil e uma cores, cada qual contando uma história [a sua história, sem saltar passagens, sem esquecer os recortes dos sorrisos nem os campos de lágrimas] de brilho e saudade. Um singular acorde serpenteante, flutuando na seda e levantando voo, rasando os meus ouvidos e deslizando até à foz do meu pensamento adormecido.

Como essa tatuagem [efémera e evanescente].
Foi o teu perfume.
Enquanto adormecia.
.
.
.

Almost Unreal, Roxette

2 comentários:

jumpman disse...

"Foi o teu perfume."

Porque há cheiros e aromas, que não nossos, que ficam na nossa pele e transpiram por todos os nossos poros.



I love when you do that hocus pocus to me..


***

Jo disse...

Simplesmente mágico. Cada palavra. Tal como o poder dessa tatuagem e desse cheiro, ambos marcantes, ambos inesquecíveis.

***