29 de dezembro de 2006

Life or some sort of something

Pode ser só uma frase?
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Leave me alone for a lifetime minute.
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Gangsta's Paradise, Coolio

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I guess they can't; I guess they won't
I guess they front; that's why I know my life is outta luck, fool!

25 de dezembro de 2006

Shelter

Sons inconfundíveis que já me acordaram, ajudaram a adormecer e, não raramente, a sentir ou a perder as emoções num lugar e tempo irreais.
Uma voz. Tantas músicas e histórias contadas em letras para ouvir e deixar entrar, devagarinho. E, talvez, a vontade de ouvir cada uma sempre com novidade. Como agora.
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Walk On, U2

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And I know it aches, how your heart it breaks
You can only take so much
Walk on, walk on

23 de dezembro de 2006

Still meaningless

Não é mais fácil.

Não é mais alegre o despertar cada manhã. Sincera, honesta e verdadeiramente, não é e não há a mínima vontade de explicar, falar ou sequer gostar que a mágoa seja tão-pouco aceite, quanto mais percebida.

Cada despertar é agora um instante de transição, vazio do sentimento sem nome que pensava inseparável. Cada anoitecer e amanhecer transformam o que [e como] é visto, mas não o que está escondido sob um sorriso. Nesse lugar onde ninguém chega, repousa para sempre o inexplicável.

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Hotel California live, The Eagles

20 de dezembro de 2006

Meaningless

Triste. Profundamente triste e sem palavras que expliquem sequer a mais ínfima parte da desilusão, do desmoronar do sonho,ambição, objectivo, alento, sei lá já bem o que era. Também não as vou procurar. Não vale a pena. Creio, que tal como o sono que não existe regressará com a exaustão, igualmente as palavras virão por necessidade; contudo, para sempre diferentes e jamais descrevendo este hoje que não acaba.

Tão-somente triste. Impotente, incapaz e certa de que jamais desaparecerá o peso enorme que hoje deixa a garganta apertada, mesmo quando parecer que tudo já não passa de uma memória, um dia mau. Nunca será apenas isso.

Digam o que disserem, façam o que fizerem, cantem como cantarem. Viaje este corpo ou fique esquecido no sótão escuro, esboce um sorriso ou pareça já não olhar para trás.

É assim.

Quando se perde e não se pode recuperar. Quando se falha e se vê que se é, apenas, um número entre muitos.

E o que fica... é a tristeza.

Nobody Knows, Pink

11 de dezembro de 2006

À vista

A gente tem sabor.
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A gente tem um gosto especial, único, diferente. E em toda a gente há o paladar para o descobrir, o desejo que o aguça e a arte para aperfeiçoar esse sentido [não um sexto; apenas um dos cinco tradicionais, porém, tristemente, tantas vezes esquecido do sentir do gosto da gente].
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Qualquer gente, de qualquer cor e passado, tem um sabor que a distingue na multidão naquele momento de recolhimento em que o dá a conhecer, como que por magia.
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Não é um sabor doce nem amargo. Não lembra chocolate nem especiarias de outras paragens. Não tem data de validade nem se esgota num piscar de olhos. No entanto, está lá. À espera. Pacientemente aguardando ser apreciado, recordado, sentido por entre o perfume [verdadeiro acrescento superficial deveras aliciante...] e o olhar que dispersa a atenção.
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Eu lembro o sabor da gente. Como o seu perfume. E o seu olhar.
Benção.
Pesadelo.

6 de dezembro de 2006

Siner

Na confusão, na dúvida, na incerteza, no sorriso desenterrado e mostrado para não os fazer sofrer, veio à tona a memória de uma noite no cinema.

Um filme. Imagens vivas gravadas numa película. Gente diferente. Corpos humanos, híbridos intrigantes. Sin City.

Até que não me importava de viver com e naquelas cores, num lugar assim deserto e olhado de lado pelos puritanos. De viver aquelas histórias cruzadas; um dia em páginas aos quadradinhos e, de súbito, num grande écran.

Seria como que uma viagem [comigo?] sem motivo mas com destino. Uma espécie de mergulho no escuro, de afogamento e descoberta de novas ruas, diferentes bancos de jardim, recônditas matas chuvosas, becos sem luz, mansões desabitadas [geladas pelo passar do tempo, pontualmente aquecidas por corpos perdidos na viagem e famintos de... tudo] e seres... pecadores, em princípio.




Talvez em sonhos.

4 de dezembro de 2006

Sem caneta

Não me digas nada, não olhes nos meus olhos, não me dirijas qualquer palavra. Não quero um boa tarde ou boa noite. Tão-pouco quero que perguntes o que se passa, se acordei do lado errado da cama, se queimei as torradas ou derramei o leite ao pequeno-almoço. Não quero ouvir qualquer som. Espero ansiosamente que os ruídos se calem, que tudo se encha de silêncio e nada me acorde.

Quero apagar as folhas e rasgar todas as frases que se articularam no meu pensamento, onde morreram antes de pisar a tinta da caneta. Porque não valia a pena que continuassem a sonhar. Quero queimar as linhas que nascem nestes instantes em que a chuva bate na portada, com força. Quero que as não volte a ver o meu olhar, porquanto lhe recordam as irmãs há tão pouco abafadas num mundo que ninguém vê.

Quero…
Não quero já nada. Mal do escritor? Devaneio do artista? Seja.
Seja uma noite longa esta que não acaba, seja um dia quente ou uma madrugada orvalhada.

Seja o que for, não quero saber. Este medo escuro não tem rosto e não tem explicação. Não tem o sentido que podia ter, nem o que se pensa conhecer quando se admiram os seus contornos do lado de lá da vitrina. Estes medo escuro e desejo egoísta, utópico, etéreo, habitam um corpo sem morada. E não tarda vão escolher outro sótão abandonado. Um diferente daquele cujos recantos não me assustam nem entristecem. Afinal, adormeci junto das suas teias ao longo do tempo.

Não me digas nada. Quero nada e uma almofada. Não para dormir. Somente para deitar a cabeça. Quiçá abafar um sussurro em língua nenhuma.
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E assim se foi.

3 de dezembro de 2006

Luzinhas



Acabou a tarde e o dia que vejo acabado deixou, sem querer, sem até fazer muito sentido ou tão-pouco agitar águas de pensamento, um amargo de boca.

Não vou dizer que não, que não quero a gargantilha brilhante, os cheques, os embrulhos coloridos de todos e tamanhos e feitios, as imagens exclusivas e dignas de antiquário com que construo o presépio, o pinheiro que chega ao tecto e ilumina a sala no silêncio de uma casa que acorda devagar. Tudo isso é já parte da carne, um pedaço da pessoa, de uma vida nascida e erguida na partilha ou na dualidade do espírito pagão de cada Dezembro e do significado mais puro do Natal.

Não vou dizer que não às ruas iluminadas, à azáfama de quem tudo perde, num instante, só para satisfazer um capricho, ao frio que rasga sobretudos e queima muitas peles sem abrigo na cidade.

Como poderia um humano negar?

Talvez nem sequer queira respostas. Nem sons que se assemelhem a sussurros nas árvores do jardim.
Talvez queira ser egoísta e ter apenas um único “recuerdo”. Onde estão, afinal, os Reis Magos? Baltazar? Belchior?