3 de dezembro de 2006

Luzinhas



Acabou a tarde e o dia que vejo acabado deixou, sem querer, sem até fazer muito sentido ou tão-pouco agitar águas de pensamento, um amargo de boca.

Não vou dizer que não, que não quero a gargantilha brilhante, os cheques, os embrulhos coloridos de todos e tamanhos e feitios, as imagens exclusivas e dignas de antiquário com que construo o presépio, o pinheiro que chega ao tecto e ilumina a sala no silêncio de uma casa que acorda devagar. Tudo isso é já parte da carne, um pedaço da pessoa, de uma vida nascida e erguida na partilha ou na dualidade do espírito pagão de cada Dezembro e do significado mais puro do Natal.

Não vou dizer que não às ruas iluminadas, à azáfama de quem tudo perde, num instante, só para satisfazer um capricho, ao frio que rasga sobretudos e queima muitas peles sem abrigo na cidade.

Como poderia um humano negar?

Talvez nem sequer queira respostas. Nem sons que se assemelhem a sussurros nas árvores do jardim.
Talvez queira ser egoísta e ter apenas um único “recuerdo”. Onde estão, afinal, os Reis Magos? Baltazar? Belchior?

2 comentários:

jumpman disse...

E porque não, juntar a todas essas "pequenas" coisas que já fazem parte deste época, esse "recuerdo"? Não será ser egoísta, mas sim desejar muito. E quem sabe se além de tudo, a tal estrela lá no cimo já tenha acedido a esse desejo. ;)

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Jo disse...

Ás vezes um único "recuerdo" é o que basta para nos fazer felizes. Pode-se dizer tanto, colocar tanto amor, num único e singular presente, que nao precisamos de mais; seja quando formos nós a dar ou quando somos nós a receber.

Mas eu tenho de confessar, nao dá para ser hipócrita e dizer que nao, fico uma verdadeira criança no Natal!lol!
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