28 de novembro de 2006

No vidro


Para mim não há mistério, dificuldade conceptual ou dissertação pseudo-filosófica alguma. Meio cheio? Meio vazio? Cada qual que veja o copo como quiser, ou antes, como tiver aprendido a ver ao longo do tempo [sim, porque isto de ver não é assim tão linear como possa parecer à primeira vista… era bom que só os olhos bastassem…]. Na realidade, o que tenho por diante, nesta mesa de esplanada de Inverno, é um copo que alguém encheu até metade da sua capacidade ou esvaziou até ao mesmo ponto.

Chamas-me pragmática, directa, rápida de decisão. Serei isso tudo e, quiçá, muito mais. Ou serei até nada do que te passa agora por essa cabeça confundida. Porém, crê-me quando te questiono, retoricamente, se algum dia chegaste perto da resposta; qual surgiu primeiro, o ovo ou a galinha? E, crê-me também, se ousares ir contra os paradigmas, que nem todas as buscas incessantes de respostas são, só por si e pelo simples facto de te levarem a pensar como jamais imaginaste, jornadas de superior valor intelectual, emocional, sentimental, ou lá o que queiras acrescentar a esta adjectivação que me cansa. Há demandas que nos envolvem e que até somos capazes de levar até ao fim, mesmo sem chegar a sítio algum. E há aquelas que não vale a pena empreender [e não falo de derrotismos por premonição].

Não sejas uma personagem transparente; presa às migalhas que te atiram ao jantar, enquanto te escondes debaixo da mesa.

2 comentários:

Jo disse...

Se ao menos bastasse o que os olhos vêem...mas talvez não fosse assim tão simples, há imagens que precisam de palavras. Outras nem tanto.

Há buscas que só, por elas mesmas, nos alimentam. O fim deixa de ser o objectivo máximo. O caminho até lá é o mais interessante. Outras demandas devemos apenas reconhecer como não sendo para nós.

Nunca devemos contentarmo-nos com migalhas...quem nos atira migalhas não nos dá o devido valor.

Tanto me disse o teu texto...

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jumpman disse...

E talvez seja o mal de muito boa gente. Esconderem-se debaixo da mesa enquanto recebem umas quantas migalhas.
Simplesmente com medo de optar por um caminho que valha a pena percorrer, mesmo sem sair do sítio.
Porque às tantas, muitas vezes deve ser melhor simplesmente ver as coisas a passar e contentar-se com o que se vai arranjando.

Eu? Não me consigo imaginar assim..

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