31 de março de 2007

Narração nº 1, única e fim

Vou contar-te uma história sem princípio que lhe conheça, porquanto esfumado no tempo, nem remate cor-de-rosa [ou de outra qualquer cor, na verdade].
Uma narrativa daquelas que se fazem uma vez, sem reflectir no ouvinte ou nas palavras.


Voltando os olhos e olhando esta data [ou algo aproximado, já que a exactidão dos momentos apenas de nada serve], uns trezentos e sessenta e cinco dias atrás, mais coisa menos coisa, fico presa numa vida diferente. Diria mais, num Eu cento e oitenta graus oposto ao que agora se enterra neste grande sofá ao som da chuva revolta lá fora. Gotas frias caíam também no chão lavrado do jardim, numa Primavera um tanto invernosa, como todas as que já fui começando a tratar por tu, porém o cinzento limitava-se às nuvens altas. Apenas um fiozinho de preocupação ensombrava o meu pensamento e, por vezes, apertava, sem dó, o que sentia. Uma espécie de incerteza, receio, apreensão; uma qualquer indefinição enevoada que toldava, por instantes, o sorriso simples e imediato, contudo rapidamente dissipada pelo querer. Um querer e acreditar tanto em poder ser tudo, sem impedimento possível, capaz de ultrapassar o caracol onde viajava essa dúvida do sempre possível falhanço.
Afinal, vinha lá de dentro, de onde nascem as vontades e os desejos, uma determinação imparável, autêntico combustível eterno alimentando a ambição, quebrando barreiras, impulsionando cá fora o que fazia; tornando o muito bom óptimo, transformando o óptimo em excelente e fazendo-me acreditar nas palavras sentidas que escutava e via nos olhos dos alguéns que me falavam, com sinceridade e verdade.
Afinal, estava capaz de tudo. Vivia o fim de muito [um capítulo extenso de um livro repleto de emendas, reticências, sorrisos sem dissimulação], temia, por vezes, o próximo princípio, porém sempre com um desejo imenso de devorar cada instante daquele presente e, porque não, passado de experiências e [muitas] batalhas ganhas.

Fixando os olhos agora neste hoje chuvoso, muito mais cinzento pressinto do que aquele que se detém sobre os prédios desta cidade de granito. Desiludi-me a mim própria, desgostei-me sem culpar terceiros, arruinei a possibilidade de ser mais do que a maioria sonha e uma minoria consegue, mas que pensava ser capaz de alcançar. Vã crença, esfumado desejo, falsa realidade em que acreditei desde que me lembro de pensar. Já não há acordares para dias em busca de suplantação do que fui e fiz nos precedentes.
Afinal, uns quantos momentos num passado ainda presente, bastaram para que atirasse à minha própria cara a fragilidade das minhas crenças, as limitações de ser nada mais do que mais um entre muitos [em nada melhor nem pior, somente mais um].

O que ficou, sem rodeios nem divagações, foi uma dor, uma mágoa e desilusão que arranjaram morada no mais profundo do meu peito. Para sempre, não tenho dúvidas.

Jamais saberei explicar verdadeiramente o peso de cada lágrima que me fugiu no refúgio de mim própria, porque não há palavras e porque não há, na realidade, muito para expor a quem não sou eu. Pela dor que vi nos olhos dos poucos que, impotentes, tiveram a infelicidade de ouvir um pouco dessa tristeza, por não tolerar senti-los confusos na surpresa de me escutar, serena e pausadamente, admitir a banalidade do que posso ser e fazer, usei da inteligência que me resta e decidi que tudo não será mais do que uma recordação minha. Viva num lugar escuro de quem sou, mas escondida dos demais. Porque mais do que ter uma ferida que não mais fechará, corrói-me ver alguém além de mim, preocupado com uma doença sem cura.

A realidade é agora outra. Tudo não passou de um sonho ambicioso alimentado de todos os cantos ao longo de um quarto de século, que terminou. Mais do que algum dia imaginei, quebrou os meus alicerces julgados inabaláveis, confrontando-me com uma nova necessidade: continuar a crescer sem o que me enchia o peito. Resta-me dizer adeus e desejar bom resto de viagem ao que perdi, contentando-me com o que ficou.


Fim da história.

28 de março de 2007

Flash

Pela primeira vez em muito tempo [tanto que nem mesmo sei se já tinha até acontecido de verdade, ou se era uma mera imaginação pseudo-real], acordei na manhã de um dia comum e voltei a adormecer; abri os olhos, cabeça ainda enterrada nas almofadas, senti lá fora o Sol subindo no horizonte e, sem pensar muito, cerrei-os de novo e, de novo, caí no sono. Por mais alguns minutos, voltei a dormir e quase ressenti aquele poder de ter diante de mim todas as oportunidades; aquele de poder de poder ser tudo.
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Um dia, talvez volte a dizer bom dia a mim quando acordar. Agora, digo-o, de coração, não admito dúvidas, a quem se cruza comigo e tem encantamento radiante em tudo quanto é, faz, diz, pensa, sente.

26 de março de 2007

Olhei e vi

Soubesse como me entristece a distância que nos separa nas conversas [e nas retraídas palavras que nunca são ditas, porque as travo] e talvez olhasse para o que não partilho, de uma maneira diferente. Cada um tem o que merece e talvez a [dita] frieza de outros momentos me castigue agora com esta barreira invisível, impedindo que abra o que penso e deixe correr as ideias até aos seus ouvidos e coração. É com uma mágoa cortante que sinto o que queria perguntar-me mas não ousa; o que queria dizer-me mas teme, pela rispidez sob pele de cordeiro que encarnou as suas palavras escassas noutros dias.
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Talvez um dia aprenda e cresça, deixando para trás o que ainda martela na minha cabeça quando penso em, simplesmente, dizer o que quero que ouça, sem sequer me preocupar com o olhar reprovador que possa devorar-me. Ali mesmo.
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Até lá, porque a hora há-de chegar, contento-me com repensar, incessantemente, as palavras que direi; fico-me pelo dia-a-dia e escrevo parvoíces assim, sem sentido nem interesse, revendo uma história por escrever de um livro sem páginas.
Entretanto, vou respirando lentamente um sopro de cumplicidade.
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24 de março de 2007

A resposta possível

Se me perguntassem, dantes, noutros Tempos, noutros Dias, noutras Estações, por que escrevem, pintam, esculpem ou desenham os médicos, daria uma resposta certamente diferente; por ter então outra idade, por entender muitas coisas como hoje e outras tantas como apenas nesse tempo. E por ser Eu.
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Se deixarem no ar essa mesma interrogação agora, respondo imediatamente e decerto de forma distinta. Digo simplesmente que escrevem, pintam, esculpem ou desenham por serem gente com um interior especial. E por sentirem como ninguém [embora nem melhor nem pior] a responsabilidade, a dor, os olhares esperançados, os gestos derrotistas; quer os seus próprios, quer os daqueles que neles confiam.
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Talvez seja por tudo isto. E pelo muito que apenas Nós sabemos.
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20 de março de 2007

That's it

Um brilho tão intenso nas janelas azuis do pensamento, uma serenidade tal nas palavras [porém adivinhando-se, talvez apenas eu, acredito, um medo secreto que não vou dispersar por aí], uma sensação transbordante de valor, que me deixaram em suspenso, uns instantes [muitos, aliás]. Do sono descansado durante anos à distância de mim de uma parede, ao perseguir de um sonho. Mais, à busca da real ambição; sem fanatismo, sem atropelos, sem falsas esperanças, tudo me inundou ao ouvir, ver e sentir aquela Pessoa. E, por tudo isso, creio, merecedora de lembrança de Alguém...
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Naquele azul retinto do olhar [sorte ou enguiço que partilhamos] revi o tempo que passou; as decisões difíceis, as vitórias, as derrotas, as esperanças e toda uma realidade pautada pelo respeito e pela cumplicidade verdadeira [e muito além daquela que os laços de sangue que nos unem, poderiam, por si só, fazer nascer].




Agora que o seu corpo dorme, [tranquilo, fatigado pela viagem mas quiça um nada retemperado pelo sorriso com que o viram chegar na casa em reboliço, vinha ainda longe,] de novo e por tempo escasso do outro lado da parede, esqueço o que podia eu ser ou querer. Perdi já tudo isso e tenho apenas a ambição de que lhe não retirem aquele brilho e o deixem voar.
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18 de março de 2007

Fugida

Às vezes preciso daquele silêncio.
Da companhia de nada e de ninguém que só ali encontro, porém sentindo indubitavelmente a presença de quantos se cruzaram um dia comigo.

Naquele recanto recatado da grande tenda de betão armado, inspirada pelas moradas itinerantes dos tempos da fuga do Egipto, num dos bancos corridos de madeira clara e polida, sento-me e olho os reflexos do Sol nos vidros coloridos perto do tecto alto. “- Quantas pinturas abstractas pintam nas paredes virgens!”, imagino eu, perdida já em pensamentos sem nome, mesmo que tão meus quanto difíceis de explicar.


Ao meu lado, ninguém mais nos bancos vazios.
Diante de mim, parte da história da minha família – o imponente Sacrário dourado, um dia oferecido pelos que viveram antes de mim num sinal de respeito, devoção, inteligência e responsabilidade. Parte de uma história que se imortalizou um pouco por vários cantos, agora observando-me atentamente ao fazer pouco mais do que nada; apenas, talvez, pensando. E, porque não, sentindo.
Ao meu redor, vozes distantes, longínquas, sussurrantes, de quem afina o majestoso órgão e prepara o concerto de Páscoa.
Cá dentro, tanto para dizer sem saber por onde começar. Bem, talvez não seja sequer preciso um início quando se fala de coração mortal para coração eterno; mas gostava de saber como Lhe contar e explicar o porquê das dúvidas, da busca de um sentido que perdi, porquanto aliviaria a fonte das palavras que ninguém entende. Ali, recostada, fitando por momentos a luz da vela única que aquece o metal frio do castiçal, pode ser que veja além da madeira, ferro e betão que me sustentam, conversando em silêncio num aparente monólogo; falando pausadamente [de mim para mim, muitos dirão] na esperança de um novo fôlego, uma espécie de empurrão [como diria alguém agora de outro mundo e que conheci, um dia] ou qualquer coisa do género que apague o medo de partilhar uma alegria e toda a tristeza que corrói cada pedacinho deste Eu. Busca infrutífera, desejo vão. Quero crer que não. Creio mesmo que não, porquanto não estaria ali, sentada, numa manhã de Sol como numa tarde de tempestade, sentido o arrepio das correntes de ar.

A verdade, no fundo, é que os minutos passaram e uma hora ou duas ganharam forma. E nada. Ou melhor, nada menos qualquer coisa. Um descanso pelo menos ganhei. Uma pausa do mundo lá de fora, enquanto lidava com aquele outro que não sai de mim. Talvez não seja plenamente o que queria; antes uma migalha obrigando-me a, de novo, uma e outra vez, “perder” assim algum tempo. Até um dia. Ou até dia nenhum.

Transcrever quanto me cruzou as ideias naquele banco esguio, não serei capaz. Desenhar o aperto que senti, roubando-me o ar leve que respiro, e o que me pareceu ouvir, sussurrado ao ouvido, não. Porque ainda não percebi em que língua me falou ao pressentir a dor que não quero deixar sair.
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Saio assim, de mansinho, caminhando sobre a laje fria e luzidia que me olha, de baixo, e permite que a pise, mesmo que sem ruído. Está Sol. Desta vez está Sol quando deixo aquele refúgio.


É.
Às vezes preciso daquele silêncio.
Da companhia de nada e de ninguém que só ali encontro, tentando conversar sem mexer um músculo, escutar a sabedoria que cresci ouvindo pregar e esperando. Aguardando pelo momento reconfortante do abraço invisível.
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17 de março de 2007

Tenho dito.


Defeitos não faltam, é só prestar atenção, olhar um pouco mais de perto ou fixar as íris no ponto certo, mesmo quando à distância. Uma diferença que talvez exista [e perdoem-me as almas mais sensíveis que adoram encontrar falsas modéstias em cada esquina que dobram]? Reconheço essas falhas, as pedras no meu sapato que amargam o dia desses outros com que me cruzo e tenho a infelicidade de cravar com essas virtudes distorcidas [um nome pomposo, não?] Num ou noutro dia, neste ou naquele lugar, em pessoa ou pensamento, sabendo ou só mais tarde reconhecendo a injustiça que me dominou, estou certa de ter ferido mais do que às vezes se suporta.

Apesar de tudo, a mesquinhez do desprezo, a pequenez da discriminação, a banalidade repugnante da crítica pela crítica, ou, simplesmente, os juízos de valor baseados na cor da pele, nas preferências políticas, na terra-mãe, na religiosidade, na profissão ambicionada, nos [aparentes] sacrifícios e, até, na pessoa amada, revolvem-me as entranhas. Numa palavra, todo este racismo manifesto ou dissimulado [se é que tal existe, porque tenho as minhas dúvidas…], fruto não sei se da ignorância passiva, se do mais puro dos activos facilitismos intelectuais e emocionais, deixa-me com um nervoso miudinho; troca as voltas às ideias e faz despertar instintos básicos idealmente adormecidos.

Radical? Talvez. Muito provavelmente sim. Mas prefiro sempre falar com conhecimento de causa.

E toda esta verborreia afinal porquê?

Uma palavra dita fora de tempo, um simples gesto, uma expressão de rosto imediata, uma conversa na penumbra [tentando enganar não sei bem quem, mas decerto que não o centro da discussão], destroem sonhos, baixam braços outrora erguidos, ferem o orgulho e o prazer de Ser. Porém, sobretudo esbatem o olhar.

Como não só o alvo da carreira de tiro é perfurado pelos atiradores, porquanto também os ouvidos de quem está na sombra sofrem [desde que abertos ao que se passa em seu redor; seja por curiosidade, por laços de sangue ou por tantos outros cuja descrição me abstenho de redigir], senti a amargura de ver sofrer, impotente. Mais, conheço o sabor do olhar altivo e de soslaio de quem julga sem saber; de quem não quer saber o como, porquê, para quê de sequer sentir tal desespero. Conheço a acidez desse olhar que pensei nunca ver detido em mim pelo simples facto de ter ideias minhas, mas estamos sempre a aprender e não há quem nos não possa surpreender, mesmo tendo caminhado lado a lado ou amparado o nosso crescimento.
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Leia isto quem quiser e puder. Entenda como bem lhe aprouver as palavras que não dirijo seja a quem for em particular, mas talvez a toda a gente que julga e é julgada, pensando que uma manhã passada ao Sol brincando com uma criança, expiará todas as suas pedras no sapato [e que duvido que saibam sequer que lhes maceram a pele].
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Porque eu aprendi já muito com as diferenças.
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12 de março de 2007

De rajada

Nunca foram brinquedos que me seduzissem: as bonecas... artificialmente sorridentes e seus vestidos finos e distintos, ou cabelos grandes e sedosos. Delas apenas queria conhecer as entranhas, descobrir o mecanismo que lhes dava movimentos quase humanos ou usar os suplementos com que as vendiam, de forma bem mais imaginativa [piscinas tranformadas em tinas de cientista louco e limusines desmontadas para daí nascerem novas maravilhas de engenharia...]. Brincar às mamãs? Preparar cházinhos imaginários e servi-los aos peluches inanimados e às minhas amigas? Não recordo tardes passadas nessas andanças. Preferia fazer operações às bonecas de trapos, suturar-lhes a pele de tecido e tratar-lhes assim da saúde [no bom e real sentido, entenda-se!]. Cozinhados? Tachinhos? Recordo apenas, e desde que me lembro de ser gente, as experiências [autênticas misturas explosivas] com champôs, sabonetes, cremes, detergentes... na tentativa de encontrar aquela proporção exacta que rebentasse com a tina, cuidadosamente colocada ao Sol.
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Apanhar florzinhas no jardim cuidado do colégio? Devia estar a jogar à bola, a correr contra algum colega que me desafiara ou praticando os malabarismos [que devia restringir ao ginásio, segundo a treinadora inflexível] nos corrimões dos patamares das escadas do recreio, porque não tenho memória de mim em tais práticas de jardinagem. E as mil e uma desculpas de adolescente para ficar sentada no banco suiço do ginásio? Apenas as conheço de ouvido. Nunca as disse. Nunca as pensei. Nunca as senti. Tanto melhor era correr, saltar, jogar...
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Vestidinhos cheios de folhos e rendas e fitinhas cor-de-rosa? Não era eu, CERTAMENTE.
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Temer as formigas e as abelhas? Ora! Gostava, isso sim, era de caminhar entre os rebanhos [fazendo de cão-pastor e correndo com ele em círculos certeiros], visitar as panteras de olhos brilhantes, tocar nos esqueletos gigantescos dos répteis de outrora e deliciar-me com as iguanas de agora, ali mesmo, ao estender de um braço, olhando maravilhada os crocodilos bebé brincando ao pé do meu regaço.
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Cadernetas e cromos de artistas de telenovelas ou de desenhos animados sem interesse? Preferi os livros e aquele tacto inigualável do papel. Preferi as histórias, as ilustrações em volta das letras e a ginástica do pensamento. Já nem falo das revistas cor-de-rosa e das intriguices sem interesse. Adivinhava-lhes falta de substância e refugiava o pensamento [e o sentimento] noutras leituras, noutras línguas, noutras experiências. Noutros Tempo e Lugares.
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Não gostava das [chamadas] mesmas coisas, convivia com gente grande e pequena gente do meu tamanho, escutava e observava tudo ao meu redor. Perscrutava os ambientes e as pessoas. Aprendia tudo quanto podia, não podia ser menos do que pudesse ser no máximo. Movia-me discretamente em todos os sítios, fossem estreitas passagens ou largas avenidas. Viajava e conhecia os recantos do mundo, apreciava a música, gozava da companhia das Pessoas mais incríveis e moldava o meu ser sob sua protecção.
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Senti a dor de caminhar na margem, a amargura do engano, o orgulho do elogio, o calor do Sol onde brilha como em mais nenhum lugar, a magia de ser confidente, nem que por instantes. E em tudo... a companhia de uma caneta e um pedaço d e papel.
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E... então?
Isto não é nenhuma biografia nem tão-pouco uma crítica, reflexão ou desabafo. Quiça se um dia uma espécie de nada transfigurada e lida como prefácio de um livro ainda sem páginas. Porquê? Antes para quê.
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Para que não perca tempo com as demais páginas, quem renegar as primeiras linhas.
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8 de março de 2007

Leitura do médico e escritor


Há sempre uma probabilidade de esperança.

Miguel Torga

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Probabilidade.
Está um dia tão literalmente luminoso lá fora e apenas me ocorre "probabilidade", neste sobressalto que me impõem, nestas ambições que me anulam.
Não me reconheço.

7 de março de 2007

Contraste


Numa conversa banalíssima, daquelas que nunca são exemplo para nada, muito menos para qualquer coisa que importe recordar de sobremaneira, disse-me ela que não acreditava, mais até que dispensava, a paixão. Não sei se mudei de cor, de expressão, de tom de voz [embora não me lembre de ter articulado uma palavra]. Tenho antes a certeza, se dúvidas havia ou algum dia alguma pairou no meu pensamento, de que somos todos afinal tão diferentes... Acredito exactamente no oposto e não concebo a vida [toda e em tudo] sem essa sua descrença.


4 de março de 2007

Unforgettable

Nat & Natalie Cole