9 de dezembro de 2010

É quase noite...

Tenho uma vista estonteante à minha frente. O fim de tarde cai no horizonte, uma série desalinhada de nuvens esfarrapadas recolora-se com os últimos fios de luz que o Sol empresta. Desta parede de vidro que escolhi por isto mesmo, que me separa do frio lá fora porém me aproxima do infinito, quase tirando o fôlego por quase me iludir sobre um chão que parece não existir sob os meus pés neste local, as luzes chegam até mim, as casas adivinham-se na enconsta e o mar, por entre o mover lento e pausado da chuva que prepara o se cair, insinua-se no meu olhar, pequenino, ou pelo menos não querendo roubar o protagonismo do fim de dia às cores, cheiros, sons e pensamentos que acontecem vindos do nada e de todo o lado.
Sentei-me em casa com esta vista, esta companhia e este sentimento de voltar a pegar nas palavras e deixá-las fluir, porque não faz sentido fechar as ideias e as emoções para mim.
Caminho todos os dias sozinha no meio da multidão, para poder sobreviver com o sofrimento e, ainda e sempre, sentir o sorriso nas pequenas conquistas daqueles que ajudo a tratar.
Acompanhada há outras coisas para sentir. Esta profissão, trabalho, sei lá, missão ou qualquer coisa de nome incerto que por vezes me irrita, algumas me faz questionar o porquê de aqui continuar, e outras ainda me delicia, vive-se para e por dentro por quem olha a morte de frente ainda o Sol vai baixo, ou quem vê um sorriso nascido daquele pequeno dirigir do olhar que parecia tão longe a uma família em desespero. No entanto, o resto da vida, que sopra também e com um vigor que não pode cair em desuso, vive-se na partilha de ser e do ser. De fazer, de sentir, de contar, de rir e chorar por motivo nenhum, quantas vezes ao nascer da manhã.
É neste equilíbiro tão difícil e desafiante que vivo diariamente, sei lá mais como quem. Às tantas como ninguém mais, sendo nós todos um todo tão diferente na nossa humanidade. E a mim, dá-me para a escrita. Desde que me conheço. Talvez para sempre.

30 de julho de 2010

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Adormeço com o coração apertado.

Até amanhã...

O livro pode esperar.

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16 de julho de 2010

Coisas que são assim...

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Como se lida com a saudade e vive com a distância? Não há respostas, há formas de tolerar a ausência, porquanto ninguém a aceita plenamente quando o sentimento que é nosso, reside já noutro peito e o faz dormir à noite.
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12 de julho de 2010

Mote

Uma espécie de aperto, como que um sufoco que não vai saltar das entranhas em tom de grito, nem sequer esmorecer. Ou então sim, perder-se-á entre palavras, esquecer-se-á o corpo de o sentir e a cabeça que repousa no ombros doridos, deixará de pensá-lo. Mas mesmo assim, por isto assim, perdurará.

24 de junho de 2010

Caminho e sinto

Cheiro incrivelmente hoje. Cheiro a ti, ao teu perfume, aquele que se sente metros antes de te ver por trás do sol, revolvido pelo vento que nem sinto, somente cheiro. O perfume que se entranha enquanto adormeço, perto de ti, como se o corpo ficasse leve das coisas inúteis e pudesse simplesmente, descansar. É assim que fico a cheirar incrivelmente bem. A ti. Que és perfume de essência e de corpo.

6 de junho de 2010

Há cheiros e cores que lembram coisas que passaram, daquelas que aconteceram e são recordadas, vá lá, porque alguma memória conseguiram criar, mesmo se nada mais se fez no momento senão olhar de esguelha para o prédio da frente ao sentir o chapéu voar no terraço, na vã esperança que ninguém veja o incauto acontecimento. Há então odores e sombras que fazem dessas lembranças, nao sei muito bem porquê, nem tão-pouco para que regressam e regressam. No fundo, prefiro que cheguem recordações que ainda não aconteceram, à amargura de ter deixado um detalhe passar despercebido. Talvez aquele desejo de ser mais e melhor e completamente diferente, sem perder o eu. Impossível conquista. Realidade ao virar da esquina. Alguém condena?

26 de maio de 2010

Back in Business

Ainda posso escrever a sério.

Quem saberá porquê, mas a ideia de me afastar deste pensamento de que posso fazê-lo, e encerrar um espaço banal e recorrente como este, apesar de tudo e de em meio ano pouco ter conseguido deixar fluir, afigurou-se-me tal qual um esfumar de páginas mesmo mesmo a sério, folheáveis, passíveis de ter cheiro a velhas e o peso do tempo e das histórias. Uma nova oportunidade "a mim", por entre as coisas que me fazem querer escrever e que desprezo cada vez mais, distanciando-me desse outro mundo em que existem.

Bem-vindos de volta. Comigo.