26 de março de 2007

Olhei e vi

Soubesse como me entristece a distância que nos separa nas conversas [e nas retraídas palavras que nunca são ditas, porque as travo] e talvez olhasse para o que não partilho, de uma maneira diferente. Cada um tem o que merece e talvez a [dita] frieza de outros momentos me castigue agora com esta barreira invisível, impedindo que abra o que penso e deixe correr as ideias até aos seus ouvidos e coração. É com uma mágoa cortante que sinto o que queria perguntar-me mas não ousa; o que queria dizer-me mas teme, pela rispidez sob pele de cordeiro que encarnou as suas palavras escassas noutros dias.
.
Talvez um dia aprenda e cresça, deixando para trás o que ainda martela na minha cabeça quando penso em, simplesmente, dizer o que quero que ouça, sem sequer me preocupar com o olhar reprovador que possa devorar-me. Ali mesmo.
.
Até lá, porque a hora há-de chegar, contento-me com repensar, incessantemente, as palavras que direi; fico-me pelo dia-a-dia e escrevo parvoíces assim, sem sentido nem interesse, revendo uma história por escrever de um livro sem páginas.
Entretanto, vou respirando lentamente um sopro de cumplicidade.
.

5 comentários:

Anónimo disse...

Minha Querida Amiga,
Felizes são os que escrevem "parvoíces assim, sem sentido nem interesse..." como tu referes no teu post, esses pensam, estão acordados e contribuem para os zombies começarem acordar da sua letargia do deixa andar, do sobreviver pensando que essa é a solução.
Gosto imenso do que escreves, é intenso e a mensagem que passas fica, se um dia pensas em deixar de escrever vou ficar zangada, e muito....
Beijitos,
Maria

Jo disse...

"Entretanto, vou respirando lentamente um sopro de cumplicidade."

E dizes tanto com tanta simplicidade.

***

Anita disse...

Pois quanto engraçado é, encontrar amigos de outros tempos nestes novos tempos de blogs e andanças internáuticas... Iniciei-me há pouco nestas lides mas prometo ser assídua!
Parabéns pela escrita simples e cheia de conteúdo de quem está sempre acordado!

jumpman disse...

E quem sabe, quando menos se espera, essa barreira invisível desaparece.

Sem precisar de crescimentos ou de aprendizagens. Simplesmente desaparece..

Essa hora pode estar ali, já ao virar da esquina.


***

Alma Nova ® disse...

É verdade, amiga. Por vezes prendemo-nos por dentro sem que exista alguma razão aparente. Mas essa barreira muitas vezes
desaparece num repente sem sabermos porquê. E aí as almas desatam-se e começam a tratar-se por tu...Escreves muito bem, tem sentimentos intensos e reais, no fundo sabes retratar o que vai no fundo de muitos de nós. Jokitas.