E em todos estes dias nada escrevi, muito pouco li e, se pensei, foi por instinto [essa qualquer coisa que nos impele a fazer e a ser mesmo quando a racionalidade está posta de parte nas decisões], foi por não saber, talvez, simplesmente deixar o tempo passar com o cérebro em pausa, relaxado, despreocupado.
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E ao cabo de todos estes dias caí em mim [não sei se um bocadinho de cada vez, se num instante de imensa sapiência]. Confrontei-me comigo e com a realidade. Conclusão? Cheguei a uma, por acaso: embora ciente do presente e das possibilidades de futuro, vi claramente que a minha inteligência se recusava, ainda, a admitir um novo eu, como que cobrindo o pensamento com um véu irreal de portas guardando caminhos dourados. Solução? Olhar para o espelho vazio, frio, sem cor, e dizer convictamente à imagem reflectida que esqueça o se e se conforme com o que é; que basta do que ouvi chamarem às escondidas de "auto-pena" sem sentido; que apesar de muito mais desiludida comigo [talvez a pior das perdas que se pode ter que ultrapassar] e dorida [mais do que em dia algum imaginei ser possível], parece que ainda respiro; e que há quem não mereça inquietar-se, baixinho, quantas vezes sem perceber onde estou, apesar de fisicamente ali ao pé, lendo, falando ou silenciando-me.
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E em todos estes dias, no fundo, percebi o quanto estou longe de quem me é chegado. Talvez por pensar e sentir de forma tão diferente.
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Será que posso fugir de mim?, perguntaram-me uma vez.
Não creio. E, talvez por isso, estes dias tenham assistido a conversas comigo; pela obrigatoriedade de viver com este Eu e pela vontade de ver sempre sorrindo quem se move ao meu redor [desejo mais forte do que qualquer tristeza].
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O que tenho mais para dizer? Nada de especial. Apenas que, para já, somente por essa vontade, silenciar-se-ão lágrimas ruidosas, mesmo que aquelas há tanto escondidas dos olhares.
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É altura de regressar à escrita, à leitura, ao sono descansado.
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Fim de desabafo.
6 comentários:
Que essas conversas contigo, tão necessárias para repormos a paz no nosso espírito, te façam aceitar e amar o que és hoje...não no passado, ou até o que poderás vir a ser...mas no presente. Respiras, estás viva! Vive! Jokitas.
Que esse sono seja realmente descansado..
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Mudar parece-me bem... ainda melhor se te consiguir dar uma nova paz....(esta é a minha humilde opiníão)...
E que desabafo tão necessário, mais do que tudo, para ti mesma! Não te sentes presa nem nada? Não sei, ás vezes tenho essa sensação, de me rever um pouco nas tuas palavras e sentir uma prisão estranha...vontade de conhecer tudo novamente, como se fosse a primeira vez, vontade de gritar!
;)
Há tempos assim, em que precisamos de pôr a conversa em dia com o nosso eu para nos mantermos a nossa sanidade e para não perdemos o contacto com a nossa verdadeira essência.
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Julgo que todos nós mudamos ao longo da vida. Uns mais do que outros, é certo. Por vezes o que já foi prioridade, dá lugar a outras. Faz parte de estarmos vivos e do que vamos passando nesta passagem. :)
Bjs!
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