Sinto ainda na ponta dos dedos, cravado na minha, o toque da tua pele e o arrepio [irrepreensível] que lia [por instinto] em cada dos teus poros [tatuados com perfumes nossos porém já sem dono], ao mais leve contacto de um e outro dedo, numa procura de ti e descoberta de ambos, como que traduzindo na linguagem dos sentidos, palavras desnecessárias [em reboliço num pensamento desconcertado]. Sinto ainda o calor do teu respirar no meu ouvido, contando-me histórias em silêncio, aproximando-me, levando-me para mais e mais perto de ti, até se fundirem sopros de vida num momento de partilha dessas lendas sussurrantes. Sinto ainda o contorcer do teu corpo ao responder ao desafio… e ao inesperado.
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Saboreio ainda o beijo nos teus olhos cerrados, calmos, viajantes de um espaço sem morada nem tempo… e o fraquejar dos teus joelhos num instante de fuga da realidade, ao rodear-te num abraço que adivinhei implorares para serenar. E não erro muito se admitir que imortalizei o prazer sereno de aproximar estes lábios de ti, marcando-te com um pouco de mim, como que inventando e cunhando [com lacre vermelho vivo] um pedacinho de um Eu que encontraste, sem querer e que foi ficando.
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Sinto-te como se agora mesmo brincasse, qual petiz empreendedor, com o teu olhar e percorresse, sem pressas, sem medos, a profundeza de ti subida à superfície, flutuando sobre a pele húmida [numa harmonia perfeita com a chuva da madrugada batendo forte na vidraça, depressa transformada orvalho da manhã e ribeiro do meio-dia].
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Pressinto ainda, no meu rosto, o bater de um coração tão cheio de tudo, mas, contudo, compassado e sem pressa de ir mais longe do que o momento em que o descobri e se desenhou na palma da minha mão. Guardo na memória, ainda e talvez para sempre, não apenas o mapa mas a real dimensão, dos contornos de ti que pude rodear de mim.
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E não esqueço o adormecer iminente que te envolveu quando, pousando ao de leve a minha mão sobre uma face atormentada, chamei pelo guardião dos sonhos para que te ungisse com a tranquilidade que quis que experimentasses, vinda de um ponto distante no universo [porque neste mundo era demasiado doloroso procurá-la].
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Vejo ainda claramente, na escuridão da noite fria, a chama incendiada no teu rosto repousante, fitando-me em desafio [até que perca a noção do real?...] e cumplicidade, sempre.
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Vejo, sinto, saboreio e jamais esquecerei [apesar do muito que já não sou nem recuperarei], o adormecer do teu corpo contra o meu peito, o calor do teu abraço e a genuinidade [e genialidade, porque não?] do teu olhar sem fim.
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Li uma vez um livro curioso, repleto de frases simples que paravam o meu raciocínio por breves instantes, para depois o acelerarem à exaustão. Vi nele palavras que pareciam nascidas de mim se tivesse outra idade, outra vida, outra história [bem mais interessante] para contar. Hoje reli-as, por acaso, e adoptei-as, porque o futuro não sei se existe nem onde está se for real, mas há um presente que, se se tornar passado, não poderá ser negado, porquanto já vivido.
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“- Memorizei o teu corpo.
Quantas vezes acontece isto numa vida?"
Li uma vez um livro curioso, repleto de frases simples que paravam o meu raciocínio por breves instantes, para depois o acelerarem à exaustão. Vi nele palavras que pareciam nascidas de mim se tivesse outra idade, outra vida, outra história [bem mais interessante] para contar. Hoje reli-as, por acaso, e adoptei-as, porque o futuro não sei se existe nem onde está se for real, mas há um presente que, se se tornar passado, não poderá ser negado, porquanto já vivido.
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“- Memorizei o teu corpo.
Quantas vezes acontece isto numa vida?"
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10 comentários:
Li..
Reli..
Leio..
Releio..
"So put your arms around me"
***
Subi e desci, tantas vezes,
o teu corpo percorrido pela música,
pelas doze cordas do Ocidente,
pelos tambores leves que trouxeste das outras
margens,
do contínuo rumo das tendas.
Não,
não adormeço, tenho frio,
tenho um sonho de águas estagnadas que me
espera ao abrir os olhos.
Hoje,
ao contemplar os jardins fechados,
recordo tudo isso,
escrevo,
parto sonambulamente,
mas não sei onde encontrar a tua morada,
os gladíolos ardentes
BEIJOS DO TIGRE DO LUSO.
Quando acontece a memorização de um corpo, dá-se a fusão das almas que jamais conseguem sobreviver separadas...momentos únicos de Vida!. Jokitas.
Que bom....
Ou, que sorte!!!...
Um encanto o teu espaço...
Beijinho
Será insanidade, amar alguém assim? Não creio! :)
Bjs!
Loucura saudavel e bem vinda!
Acontece poucas vezes na vida, a algumas pessoas nunca acontece... e é tão bom... sequer imaginar!
;)
“- Memorizei o teu corpo.
Quantas vezes acontece isto numa vida?"
Tantas quantas são as vezes que o amor ilumina o nosso caminho...
Beijitos
Não acontece muitas vezes...É preciso aproveitar quando aparece!
mais uma mulher cá do norte carago ha ha somos os maiores
bem agora falando de coisas serias foi a primeira vês que parei no teu blog fiquei deliciado com as tuas palavras muito bom mesmo alem de me tornar um leitor acido vou inserir o teu link no meu blog
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