4 de maio de 2007

Recuperado do caderno...

... ao ler o olhar que lançavas à rua ventosa.
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Olha as pedras gastas que pisas desajeitadamente a caminho de lado nenhum. São assim tão diferentes à sombra da Lua escondida? Parecem-te assim tão mais distantes na penumbra? Segredam-te palavras nalguma língua que não conheças, deixando-te alerta?
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E o frio dos passos só teus, que ecoam na rua deserta de outros? Sentes? O que te dizem, também eles? Talvez nada.
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Páras? Por que te deténs? Por que te encostas àquela porta fechada e deslizas até à soleira empoeirada?
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Pensas...
É isso.
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As pedras sempre se fizeram ouvir, mesmo que num dialecto sem gramática. E os passos! Bradaram mais do que podes suportar.
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Por isso te sentas.
Esqueces o destino que não tinhas. Imaginas. Sonhas. Divagas. Se há luz lá à frente, sim, se há mais do que a cor ocre dos prédios velhos, há certamente um lugar mais quente do que este deserto de ruas vazias.
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Um lugar mais quente.

6 comentários:

Idiota disse...

Fiquei com uma sensação tépida de que «há certamente um lugar mais quente do que este deserto de ruas vazias.»

:) muito positivo...

Chris disse...

Muito bom...
Nem sei o que dizer :|

Beijo enorme...
E obrigado pela "saudade" :)

jumpman disse...

Um lugar mais quente..

***

Angell disse...

Imaginar, sonhar, divagar; com um lugar mais quente, mais aconchegante... com um destino real e não imaginário! :)

Bjs!

Anónimo disse...

uma cidade tal como um deserto, sempre o mesmo, mas de repente eis uma sombra para se descansar o perturbio do pensamento..

obrigada pelo comentário*

Alma Nova ® disse...

Há sempre o tal lugar mais quente...Acredita no sol que o aquece, na lua que o ilumina, acredita que a força de amar tudo vence. Jokitas.