Na verdade, em poucos instantes pensei sem reflectir, reflecti procurando não pensar muito [para não lhe retirar o imediatismo de resposta] e não sei se cheguei a alguma conclusão. Talvez haja "coisas" [estranhas, não nego] que, depois de matutadas, não se possam dizer concluídas ou concluindo seja o que for, porém apenas se possam apelidar de um qualquer juízo [quantas vezes embrenhado num raciocínio tão pessoal, quanto incompreensível]. Temo ter chegado [patindo não sei bem de onde...] a uma dessas deveras fabulosas pseudo-conclusões.
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"Se pudesses pedir qualquer coisa [como espécie de presente de aniversário], mesmo que irreal, estúpida ou impossível, o que seria?"
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Ser Eu outra vez [se alguma vez isso/ele foi real]. Ou [então] ser aquele Eu que, cegamente, pensava ser, e que acreditava ser mais do que tudo, espelhando a certeza, a vontade, a determinação, o orgulho, a ambição. Aquele que acordava, caminhava e adormecia crendo-se dotado de forças [nascidas de alguma dor e muita mãe incógnita], bastantes para vencer a mais sangrenta batalha. Aquele que acreditava em algumas palavras e que agora lhes sorri amargamente. Aquele que afogava lágrimas quais gatos vadios em baldes do lixo, nunca as revelando e, mais, raramente permitindo que lhe manchassem o rosto coberto de pó. Aquele que escrevia [com mais de mil e um reboliços na cabeça, muitas ideias e ideais] como agora este desfigurado faz quando pega na caneta e no papel, embora mais dorido [quiça mais crescido, contudo]. Aquele que ainda não tinha roubado a si próprio o alento de Ser o que quisesse. E que podia sê-lo.
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Porque o que agora se vê é tudo menos esse Eu. Por dentro, no que não se palpa, e por fora; o próprio corpo palpável perdeu cor, brilho, expressão, saúde.
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Na impossibilidade real [julgada inexistente pelos não Eu] de comprar, alugar, construir, roubar, gerar por feitiço o único presente que sempre pedi, fica o pedido de um outro. Jamais deixar de ver [e de ajudar a crescer] naqueles vultos que ainda se passeiam ao meu redor, um [seu] Eu como aquele que julguei um dia ter.
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Agora vou jantar. E depois trabalhar.
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7 comentários:
Tu não és deste mundo...Tens a sabedoria dos anjos...
Beijo
Talvez a resposta esperada. Não com o sentido de previsibilidade, mas sim com o sentido de quem já consegue ver mais além num olhar que, para quem estiver atento, não engana.
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«Jamais deixar de ver [e de ajudar crescer] naqueles vultos que ainda se passeiam ao meu redor, um [seu] Eu como aquele que julguei um dia ter.» Espero que consigas. Acho que é um presente para ti e para os outros, talvez sejam esses mesmos os que nos conseguem tocar mais... Afinal só poderemos receber verdadeiramente depois de termos dado...digo eu :)
Sem palavras é como me deixou o teu texto, ÉS UM SER MUITO ESPECIAL MINHA AMIGA.
Fico feliz por poder partilhar contigo os teus textos, bem como os teus comentários no meu blog, obrigado pelas tuas lições de Vida.
Cumps
Kolmi
Maria
É algo que me revolta, as pessoas saberem quem são e não o serem. Falo em meu nome!Mas ás vezes dou comigo a pensar que já perdi muito tempo sendo outras pessoas que nem conheço, e de algum modo imprevisíveis!Então acho que nos resta ter a verdadeira noção disso, que nos incomode o suficiente para assumirmos a verdadeira identidade dos nossos seres. Nem sei se isso é possível mas enfim...
ps- já tinha saudades de vir aqui espreitar!
bj ;)
As viagens são cheias de vários atalhos...
O nosso Eu pode mudar e muito...
Bjs!
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