2 de abril de 2008

Perto

Fui passear ao Sol, como que longe das coisas e apenas perto do calor que queimava a minha pele, através da roupa, por entre os espaços do meu cabelo. Não me tinha apercebido que a temperatura subira e de que o cheiro das flores ja se acentuara, adocicando o ar, chamando os pássaros gulosos. Fui dar um a volta, arejar, esticar as pernas. Ver mães entrar de carro no jardim do colégio, avós de mãos dadas a petizes corados pela brincadeira, senhores aprumados nos seus carros, guiando rumo àquela reunião importante, jovens mulheres de aspecto duvidoso saindo de ruas desertas na zona chique.

Fui assim. E voltei.
Deitei-me nos braços da água quente relaxante, emanando mil aromas e reflexos. E assim fiquei.
Não queria acordar daquela viagem ao centro de nada e rica em tudo. Nos pormenores, nos contornos vislumbrados, no paladar do vento da Primavera que outros vivem. E mergulhei na espuma branca do alperce, que me tocava levemente as pontas do cabelo.
Lembrei-me dos minutos em que tenho voz e falo em silêncio. E senti um abraço acercando-se.

Um envolver conhecido.
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8 comentários:

Oliver Pickwick disse...

Fazes de uma simples volta pela cidade parecer uma viagem a um mundo paralelo e centrado na harmonia. Texto tão repousante como mergulhar na espuma branca do alperce.
Beijos!

José Alexandre Ramos disse...

ternurento

ivone disse...

abraço___te

jumpman disse...

A envolvência única que acompanha algumas existências que habitam este mundo.

Um abraço indescritível que se sente a cada momento.

***

Chris disse...

Tão bons esses passeios... :)

PS: Fui à ante-estreia de U23D e tu? =P


Beijo Grande

Anónimo disse...

Um simples caminhar pela vida, onde um olhar atento descobre e sente...
Belo texto amiga, as tuas mãos descrevem o que os teus olhos atentos descobrem...
Beijitos

Alma Nova ® disse...

Nessa viagem sem rumo tantos rumos se encontram, em cada pormenor que se expande nos olhos atentos que os olham.

O Profeta disse...

Um passeio fabuloso pelos teus olhos...emprestas-mos?


Hoje não vou falar de amor
Hoje tenho saudade de canções
De uma voz perdida no tempo
Que me ensinou o sonho, as emoções

Hoje senti saudades da minha rua
Da casa fria e quente da ternura
Do cheiro a lenha, pão amassado
Dos abraços tidos de forma tão pura


Hoje convido-te a saberes um pouco de mim

Um resto de boa semana



Terno beijo