6 de agosto de 2009

De volta ao mundo dos vivos e dos mortos

Não é suposto o ciclo da vida inverter-se, mesmo quando as estações do ano já só existem de nome, calor e frio sucedendo-se em horas, claridade e escuridão trocando-nos as voltas. Como pode ser se deixamos de pensar "amanhã...", porque num estalar de dedos deixa de haver esse dia para viver? Diria que não é justo, porém não percebo assim tanto da justiça das vidas e das mortes para me entender a mim, quanto mais... Não há quem me explique nem quem me faça compreender verdadeiramente, como é possível um beijo de até logo e nessa altura de reencontro apenas se sentir o frio inerte da morte, tocar um corpo vazio de vida e perder por completo a noção do tempo e do espaço, desgastada para sempe num instante e sem mais nem menos votada à solidão.
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A vida é curta, imprevisível, exige demais e dá escassamente, gera os sorrisos mais inesquecíveis e amarga o sentimento quando se acaba sem sentido. Nestes poucos anos de vida que já vivi, inocente, arisca, impertinente, dedicada, zangada, pude chegar aqui, a este hoje com o peso da morte no meu sono fugidio e diante dos meus olhos, e dizer sem medo, que nada há que dê mais sentido a esta existência, senão acreditar no conforto espiritual que tivermos cultivado e partilhar cada momento como se não soubessemos se há "até logo". Não adiar um gosto muito de ti, um beijo, um gelado numa tarde quente, um filme num serão. É isso que faz a vida, já que o que a termina tem apenas um nome e um rosto sombrio. É isso que faz valer a pena termos nascido humanos; não qualquer projecto megalómano inconcretizável.
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Assim falou hoje o meu sentimento, em tom de desabafo, conselho e triste perda.
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Enquanto, cansado, adormeces de exaustão.
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3 comentários:

Brain disse...

É...
Só quem ainda não viveu uma situações destas, não poderá compreender as tuas palavras, os teus sentires.

Para quem já viveu situações destas (e no meu caso não foi 1 nem 2... foram algumas mais) apenas as tuas primeiras palavras chegariam para chegar ao entendimento.

Há que erguer a cabeça acima de nós próprios.
Há que querer fazê-lo.
Há que... conforme muito bem dizes: VIVER!

De qualquer forma,
É BOM ter-te "de volta".

Recebe um Beijo de Mim,
Com o carinho da vida.

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

Excelente reflexão.

Nada mais acrescentar.

Beijo meu

putty

Conte Blog disse...

Da água da vida resta-nos o suor daquilo que valeu viver.
O quê?
Não sei, ninguém saberá até ao soar das trindades desse fatal dia, no breu acompanho em saudade uma réstia de palavras de vidas distantes.
Em dissonância sem clave, pergunto respostas.
Justiça na certa posição de distância, para nos proteger?
Conforto espiritual, um colchão que aconchega, mas que pergunto se apazigua a carne humana.

Com nostalgia agarro a tinta visível de um pensar pesado de que sinto falta.

E, por isso escrevo.
Sabendo que o que mais mata, e sem aviso, é a vida.