28 de setembro de 2006

Before college

No Doubt, Don't Speak, live


Este tempo reportou-me a outro tempo. Um tempo também cinzento e por vezes chuvoso, preenchendo o tempo de dias que hoje relembrei ao reescutar músicas há tanto longe da recordação. Um tempo tipicamente marcado pela nebulina, pelo vento soprando sem pedir licença, pelo mar revolto estivesse o corpo a viver Verão ou Inverno.

Um tempo de vivências diferentes, onde os sabores se misturavam e os odores da estrada pareciam tão diferentes dos que sentiamos em casa. Um tempo onde crescemos a um ritmo próprio, ditado por nós e pela exigência de ter que ser alguém e não baixar os olhos.

Tempo de fins de tarde, findas as aulas, o estudo, ou um qualquer passeio na cidade, passados sobre a relva cuidada da imensa propriedade do colégio. Relva verde, ora fria, ora reflectindo os últimos raios de um Sol sempre tímido.

Conversando ou dizendo nada; olhando os corvos em voo sobre a costa ou vendo nada mais do que o céu sobranceiro e imenso... imaginando que, longe, alguém amigo estaria sob o mesmo manto azul.

Tempo de sorrisos e lágrimas noutra língua. Tempo imortalizado por piadas e dissertações pseudo-importantes espantando a plateia de projectos de gente envergando chocolates [como podia ser pouco apelativa a sobremesa às vezes...].

Tempo vivido numa ilha... dormindo, despertando, respirando, estudando, sentindo, caminhando com coração luso sobre lajes britânicas.

Tempo, como todos os tempos, que um som faz re-sentir. Tempo, como todos os tempos, que reaviva sorrisos e recorda mágoas pelo ressurgir de um acorde. É este o poder desta música [um dos...].

4 comentários:

Jo disse...

O poder que certas músicas têm é certamente excepcional....teletranportam-nos para doces recordações, como os bons tempos de liceu, para os bons tempos em que se tinha realmente tempo para desfrutar de um twix ao entardecer sem ter mil e um problemas a nadar na nossa mente. Bendito o poder da música=)

jumpman disse...

Dei por mim, ao ler o que escreveste, a recordar o meu tempo de secundário. Alguma emoção ao percorrer as tuas palavras e perceber como há coisas, que podem ser transversais a tantas mentes. Certo que experiências diferentes, podem traduzir sentimentos diferentes, mas foi engraçado ver que independentemente do sítio onde estamos e das pessoas que nos rodeiam, há emoções que sentimos naquela altura, que mesmo sendo só nossas, conseguem ser facilmente percebidas por quem também passou pelo mesmo ou algo parecido.



E com toda esta recordação, veio-me à memória a Better Man, dos Pearl Jam. Porque está associada a momentos bons e maus passados no tempo de secundário e também porque me relembra uma grande amizade que até hoje continua viva.

E acho que poderia estar aqui indefinidamente a falar de todas as sensações e memórias que o teu texto me despertou.



Mas no final, um sorriso enorme na face foi o que este teu texto acabou por me despertar. Isso e também algum saudosismo. Não com o desejo de voltar o tempo atrás, mas simplesmente a recordar partes desse processo que é a escola.

***

Anónimo disse...

Quantas vezes te leio sem escrever. Pois é... mas ao ouvir a música, a letra... só me veio à memória essa mesma sensação arrepiante que só nós saberemos perceber e que tinha já escondida nos mais escuros cantos da memória. Lembras-te da torre ao fundo do jardim? Do barulho dos corvos ao fim do dia? Different times... same feeling.

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Anónimo disse...

Já me proibi de ouvir certas e determinadas músicas, as minhas preferidas, por elas fazem recordar.. E então em tempos melancólicos, ainda pior..

Talvez seja melhor não te relembrares tanto do passado (mas por outro lado, quem eu sou para dizer isto?)

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