Naqueles instantes em que cai sobre nós o peso da realidade, a chamada consciência do que somos [ou qualquer coisa desta espécie que consigam descrever de melhor forma], ficamos pregados ao chão. Incapazes de mover um dedo, de dizer uma palavra, de, até, abrir os olhos. E ver. Ver que ainda nos movíamos na ilusão, naquela pseudo-realidade que quisemos construir e onde nos movemos graciosamente até então.
Nesses instantes, somos arrebatados por um medo terrível da luz que parece irradiar por todos os vidros quebrados. Impotentes na fantasia, que coloria a realidade que camuflavamos [sem o saber, quero acreditar, embora seja difícil] e que, verdade das verdades, não sendo mais agradável, porquanto também ela desgastante e consumidora sôfrega e flagrante de nós, permitia que talvez pairassemos um pouco acima da real verdade.
Nesses instantes, ouvimos vozes conhecidas.
E são elas que nos rasgam em mil pedaços a fina cortina que separava aqueles dois mundos, fazendo-nos pôr de parte as sombras da caverna platónica. E encarar as figuras palpáveis.
Esses instantes não são invenção filosófica.
Existem mesmo.
Transtornam. Confundem. Decidem.
Decidem muito e sobre tanto que jamais poderia descrever em palavras simples e frases com sentido, o alcance que têm nas existências que páram momentaneamente para os deixar acontecer [impossível que é de os evitar, renegar, ultrapassar sem encarar].
Como é que sei?
Porque aconteceu comigo.
1 comentário:
Um "wake up call", pode ser terrível. Aliás, acredito que na maior parte das vezes o seja mesmo.
E sim, transtornam, confundem e decidem.
Cabe a cada um de nós lidar com esses instantes e decidir o melhor a fazer para passar por cima de todos os sentimentos que nos assolam nesse momento.
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