3 de julho de 2007

Num sítio que não é meu nem de ninguém, onde ninguém mora nem vive

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Só via um céu assim azul sem cor. E algumas nuvens desfazendo-se ao passar do vento apressado.
Só avistava um pássaro errante, deslizando lentamente lá longe.
Só algumas gotas de chuva pressentia, por vezes.
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Mais nenhuma distracção. Nem os pensamentos, nem as teias dos armários velhos, nem as almofadas bafientas, nem as cadeiras quebradas, nem as lágrimas da saudade.
Nada mais havia naquele [outrora] refúgio de alguém. Nada mais para mim. Tinham levado o meu corpo no silêncio da noite e ali se esqueceram dele. Tinham pegado em mim com gestos de gente [des]conhecida e ali se esqueceram de mim.
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Ali, naquele sótão onde só via um céu azul assim sem cor, um pássaro errante, umas gotas de chuva.
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9 comentários:

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

Acho muito pouco....Quase "uma espécie de nada".

Um "SÓ" às vezes já é MUITO.


No entanto, excelente escrito.

Um beijo

jumpman disse...

"Tinham levado o meu corpo no silêncio da noite e ali se esqueceram dele."

Ali, onde as tonalidades de azul ganham outros contornos.
E onde se avista um pássaro errante, procurando sabe-se lá o quê. Talvez simplesmente flutuando.

***

Idiota disse...

Primeiro,
o teu "falar" é poético...
Segundo,
Já cá tinha estado e fui-me com o doce rebuçado das tuas palavras (talvez de café, porque não tem um sabor, simples(?))...
Terceiro,
do teu texto:
«...refúgio de alguém. Nada mais para mim. Tinham levado o meu corpo no silêncio da noite e ali se esqueceram dele. Tinham pegado em mim com gestos de gente [des]conhecida e ali se esqueceram de mim.»
Como é possivel existir quem nos leve e nos esqueça... como é possivel isso no nosso quarto. Será que mais não será que um fingir esquecer porque simplesmente assim aconteceu, ou deixamos acontecer, ou quisessemos que acontece-se?

Comprendo um céu azul sem cor,os pássaros errantes e as gotas de chuva que quem sabe para outros não será neve...

markus disse...

Olá, parabéns por este espaço criado com gosto, continua. Se quiseres poderás passar no meu cantinho de palvrinhas "redondas".
bjos***

Anónimo disse...

Minha Querida Amiga...
Por hoje fico ainda pior do que tenho estado, confusa de tanta oralidade e escrita que anda neste País...
Dizes tu..."Só via um céu assim azul sem cor"...
Mas azul não é uma cor? Pois, se calhar não! Devo estar a ficar louca, mas de qualquer modo continuo a gostar do que escreves, deixa sempre uma interrogação na minha cabeça, nem que isso seja simplesmente o caminho que me falta percorrer para atingir a minha meta, ser Louca, assim ao menos deixo de ser Vulgar!!!
Cumps,

Brain disse...

MJ,

Escrito simples,
Construído de alma,
Sustentado em sentimentos...

Como eu Gosto!

Gostei e voltarei.

Beijo.

Luna disse...

Por vezes somos nós mesmos que nos esquecemos do corpo e deambulamos na vida vivendo sem viver
Gostei do teu espaço
ji

Angell disse...

O céu, as nuvens, um passáro, uma visão bela. És uma pessoa com tanta riqueza de sentimentos; muito mais do que pensas. Não deixes um vazio tomar conta de ti! :)

Bjs!

o alquimista disse...

Será que o fogo que me assalta o peito, é deslumbramento, gerado de dor consentida ou apenas um vestido de rubra lava, tecido nas profundezas, liberto no meio da ilha?! Agitam-se as águas do tempo, aprisionado mar numa gota de sal azul, oceano de mil contradições, espesso aroma de brisa do sul.


Bom fim de semana


Doce beijo