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O que se escreve nasce de sítio nenhum ou de simples observações, acontecimentos, julgamentos, perdas, vitórias, passeios errantes, sorrisos perdidos, lugares mágicos, viagens inacabadas, sonhos perpétuos, noites enevoadas, leituras ocasionais.
O que se escreve e como se escreve vem de todos estes pontos dispersos e fortifica as palavras residentes cá dentro, partilhadas então com o papel ou também contigo, inominado leitor de frases que embelezam livros raros, folhas rasgadas, diários abertos.
O que se escreve evoca sensações sem fim e surpreende a mão que suporta a caneta, mostrando mundos longínquos ao escritor, colocando-o perto de si mesmo como nunca pensou poder estar, desvendando-lhe emoções e reavivando memórias que julgava esquecidas.
O que se escreve, enfim, procura para si sons que completem os textos perdidos na sua solidão muda, dançando então cada letra ao vibrar do acorde mais suave. E chorando assim por vezes a mão que lhes deu corpo. Por então sentir. E viajar em si própria ao sabor das palavras que transcreveu, da música que lhe canta baixinho ao ouvido, das recordações que lhe chegam ao peito quando uma imagem ganha forma. Aquela que completa o som e a palavra. Seja real, ou imaginada.
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O que se escreve é isto. Simplicidade. Pressinta-se um quarto vazio, uma cadeira que ainda baloiça, uma noite mal dormida ou um amanhecer ao teu lado.
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1 comentário:
Simplicidade.
Desenhada e transformada em palavras. Com o poder de atrair e de dar largas à imaginação. E também de poder ousar estar um pouco mais perto de quem escreve, absorvendo a mescla que as palavras, os acordes e as imagens transmitem.
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