20 de setembro de 2007

Vê-se...

... e sente-se uma pequenez enorme, quando se olha nos olhos a perda de sentido. Aquela imensa confusão chegada de repente, porém instalada ao longo de um tempo mal medido e longe do presente que a traz consigo.
Sente-se a falta de palavras e escuta-se sem precisar de ouvidos, o discurso intercortado, inacabado, como que deixando fugir ideias demasiado penosas para chegarem à voz. Aquela ausência de explicação quando tudo o que se lê naqueles olhos era encontrar a mais simples que fosse, para acalmar um coração atormentado.
Sente-se o tom baixinho da confissão impossível, porquanto ininteligível aos demais e calada àqueles de todos os dias.
.
Enfim, sente-se a pessoa. Que pensa, vive, caminha, acredita, ambiciona. Aquela que sente e cresce a cada dia sem barreiras que lhe consigam travar o enriquecimento do ser.
.
E ao sentir a pessoa, a pequenez que poderia rondar a impotência, transfigura-se num sorriso, num abraço, num silêncio; cresce depois um bocadinho, ganhando força de palavra dita ao sabor do pensamento. De um pensamento que assimilou os sentires e falou depois de mansinho.
.
Quem me dera não perder de vista aqueles olhos, aquele sentir, aquele ser, aquela pessoa. Vale a pena. Nem que por um momento. Seja de sorriso rasgado ou de pensamento vagabundo, que me chegue à porta, aos olhos, ao abraço.
.

2 comentários:

jumpman disse...

Vale a pena. Poder transfigurar um sentimento sem nome e sem uma origem banal, num sorriso ou num sentir de um toque conhecido que acalma e dá alento.
E o desejo.. Poderei eu, como que "roubando" um desejo que não o meu mas que incrivelmente se assemelha ao almejar que me corre nas veias, desejar o mesmo.

Porque vale a pena..



By the light of dawn, and in my blues
Day and night, I been missing you

***

Alma Nova ® disse...

Conheço bem esse sentir, essas ideias que não chegam à voz, essa falta de palavras, a confissão impossível. E também eu queria não perder de vista esses olhos, esse sentir, esse ser, essa pessoa...
Jokitas.