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Vi hoje mil cores ao sair de casa, num céu que noutros sítios se carrega de tons escuros e humedecidos pela água que um dia esteve cá em baixo, bem perto deste rio que tenho ao pé. Nesse mesmo imenso céu que amanhecia em tons de azul, chegando mais perto do chão pelo vento quente que chegara na madrugada ida, anunciando o calor de um dia fora de tempo. Mas não de lugar.
.Com essas cores continuei, percorrendo estradas apinhadas de gente apressada, com destino mas sem vontade de chegar; querendo, enfim, apenas ficar. E olhar as cores que pude eu apreciar sobre a cidade ainda adormecida, lançando no esquecimento o desalento de um dia igual a tantos outros, em vidas outrora sonhadas e agora somente sobrevividas.
.Olho agora através da janela e continuo a decobrir essas cores por entre o betão silencioso.
Talvez tenham sido elas que o calaram.
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5 comentários:
Que bom é quando isso nos aconte:
«Vi hoje mil cores ao sair de casa,..»
Ainda melhor é:
quando
«Com essas cores continuei,..»
e quando
«Olho agora através da janela e continuo a decobrir essas cores por entre o betão silencioso.»
....
Que pena talvez ser afónico...mas a vida pode ser igual aos filmes mas sem banda sonora...
A companhia ideal para um começo de dia em que simplesmente se vive mais um pouco.
***
"Acabei por ter, um fraco por ti"
A relembrar noites passadas.
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As cores dão sons ao silêncio...tenho algumas das tuas mil na minha paleta...
Doce beijo
Maria José:
Simplesmente, adorei este teu texto.
Beijo.
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