10 de dezembro de 2007

Minutos sem fim

Talvez devesse estar a trabalhar ou a ler um livro que me cultivasse o intelecto ou a ajudar alguém que precisasse de uma palavra amiga. Ou então talvez fosse bom que estivesse longe de tudo isso.
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Mas estou simplesmente aqui, olhando o Sol que se põe devagar no vale que se estende para lá desta encosta onde arranjei morada no tempo frio. Vendo as cores da estrela que parece mergulhar no casario que outrora poucas luzes oferecia à noite, escutando o ruído da gente que trabalha atrás do volante na estrada que apenas adivinho. De caneta na mão e um bloco de linhas azuis no regaço.
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Um cachecol felpudo, uma camisola quente, botas grossas que separam de mim o gelo do chão, são os adornos que envergo. Nem as palavras os têm agora. Para quê eu então, se o frio reina nesta terra e as conversas se afundam nos textos que sonho, dispensando eufemismos corruptores da realidade?
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Estou simplesmente aqui, procurando descobrir como se faz bater mais devagar um coração desnorteado sem saber porquê; como se ensina o pensamento a sossegar para que durma de olhos fechados. Toda a noite. Até que a manhã chegue e traga de novo a estrela que agora me foge da vista e arrefece a ponta dos dedos.
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Olho o papel e distingo umas linhas escritas ao sabor do vento de Norte que se levantou. Acontece, quando se pega em caneta e papel. Surgem histórias. Que depois se contam.
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8 comentários:

not me disse...

Esquecer o Mundo... de vez em quando é tão saudavel. Pegar no papel e ouvir o falso silêncio enquanto nele se escrevem coisas que nem sabemos que estamos a pensar...nem sempre bom, nem sempre mau... mas um momento quase sempre sincero!
;)

Alma Nova ® disse...

E é esse o milagre da escrita, as palavras saltam do pensamento e fazem-se vida ao sabor das nossas mãos.
...A serenidade da natureza, seja num por do sol frio, ou na primeira estrela brilhante que ilumina o negrume, oferecem-nos a paz que sossega o coração.

Anónimo disse...

E das tuas palavras, nascem histórias que se desenham na nossa mente, sem que para isso necessário seja imaginar, basta ler-te...
Cada dia melhor minha amiga.

Raquel Branco (Putty Cat) disse...

e as tuas são sempre tão agradáveis de se "ouvir".

Sempre por cá, mesmo que em surdina...

Afonso Faria disse...

Gostei e consegui captar a serenidade.Estar, sentir, interiorizar.A imagem do caderno de linhas azuis, fez-me lembrar Paul Auster "A noite do Oráculo" onde o escritor se apega a "um bloco de notas azul de fabrico português"
Fica bem, tranquilamente ou em busca...

jumpman disse...

Histórias passadas para um papel. Algumas depois contadas e lidas por quem quiser ou ousar, outras guardadas até ao dia que forem reveladas, se assim for o desejo de quem as escreve.

Histórias que uma mente brilhante desenha num papel.

O Profeta disse...

Convido-te a sentir a magia da minha Errante Nota

Oceano de mil contradições
Amar é uma batalha da emoção
Roubada ao sortilégio do vento
No gesto mágico de uma mão

Bom fim de semana


Doce beijo

pila disse...

Já há muito que o faço e hoje apetece-me dizer-te que gosto de te "ler"... parabéns