21 de junho de 2008

Pequenices


Gostava de escrever, um dia, um dia depois de agora. Das personagens tenho uma ideia vaga, da história nem isso. Mas podia desenhá-la neste instante mesmo no meu pensar, redigi-la em papel de vidro e lê-la à transparência nesta vela que se apaga para me dar luz. Não pelo prazer do meu nome ser o da sua origem, antes pelo acontecer de mais uma história para alguém, nalgum tempo, num qualquer momento de sol ou de chuva, se esquecer do tempo e parar o que, real, corre sem destino.
Gostava de viver a magia imaginada, do escritor louco que perscruta os caminhos das palavras, adormecendo no colo de um "boa noite, chega-te a mim para fechares os olhos no silêncio do descanso". Como seria? Como seria sentir assim? Como seria criar e destruir mundos na fantasia? Como seria?
Gostava de deixar cair o lacre do meu nome na contra-capa de folhas bolorentas, longe da saudade do não ser, perto da irrealidade que conforta.
Talvez um dia, impossível, as serras, as areias negras, o sangue vertido na cruzada citadina, o novelo sem ponta da alma, sejam história.
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4 comentários:

Alma Nova ® disse...

Como seria bom viver essa magia imaginada no templo das palavras e adormecer nesse silêncio descansado de "boa noite, chega-te para mim".

Oliver Pickwick disse...

Continuo fã e freguês dos seus texto intrigantes e de inconformismo suave e equilibrado.
Desculpe pela ausência, mas há quatro semanas que mal acesso a www.
Um beijo!

ContorNUS disse...

Ficam aqui as palavras introdutórias e o desejo de começar

aguardemos que venha esse conto encantador

jumpman disse...

Talvez um dia seja tudo mesmo uma história. Vivida e pensada.

Mas mesmo assim, uma história..