Uma chávena fumegando. No ar vazio, ergue-se a espiral imperfeita de pequenas gotículas indistintas, desenhando no ar um calor que embacia os olhos... E aquele aroma quente... chocolate. Diria amargo. Porém, talvez de uma doçura ímpar; difícil de tocar, nem que ao de leve, pelos lábios mais desatentos.
O quadro pintado de uma realidade acontecida sobre uma mesa tosca, num dia sem número, numa manhã, ou tarde ou noite sem hora certa. A tela passada. Sem registo do que viam os olhos aquecidos pelo sabor sem igual. Sem registo da conversa que não aconteceu. Sem memória do acorde que flutuava.
Sem nada, afinal.
E com tudo para poder ser mais do que nada. Muito mais.
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Enigma, Return To Innocence
2 comentários:
"E com tudo para poder ser mais do que nada. Muito mais.."
Porque o tudo não precisa de ser decifrado e nem precisa de ser aparente. Pode ser um conjunto imenso de nadas que nos rodeiam.
E essa música.. Como sei o quanto a adoras, simplesmente sorrio ao ouvi-la e deixar-me deliciar mais uma vez com o seu video.
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E tudo se esvaneceu no nada em redor.
Porque há alturas em que o nada nos preenche.
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