14 de junho de 2007

Noutro dia assim; escuro, chuvoso, ventoso

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Lia umas páginas num instante. Daquelas que te dizem "lê só esta parte, vá lá, não demora muito; só mesmo esta passagem". Curioso. Muito curioso. É incrível como gosto de mergulhar nessas poucas frases. Deixá-las ecoando em mim? Nem sempre. Às vezes. Quando os planetas se alinham nesse sentido. Acontecimento raro esse? Não respondo. Tal como prefiro não retorquir ou não tomar sequer a palavra em alguns instantes. Uma opção arriscada, difícil de tomar, difícil de digerir e ainda mais de explicar.
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Decisões, conclusões, resoluções. Tantos plurais para tão poucos resultados. E porquê, se afinal todos elas sempre estiveram por aí. Esperando apenas que alguém abrisse definitivamente um pouco mais os olhos para que as visse. Onde sempre estiveram, como sempre estiveram. Agitando os finos braços no orvalho da madrugada, no calor do meio-dia ou na brisa do fim-de-tarde.
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Tristezas, mágoas, lágrimas. Uma dor visceral que nem o mais forte dos vendavais desenraiza. Uma sensação fria e cortante peito acima, que estanca na garganta e aperta, sufocando com maozinhas de lã sem retirar por completo o ar. Um arrepio constante. Um pequeno martelinho batendo incessantemente em baixo volume, desenovelando a concentração, minando a atenção, destruindo a inteligência. Uma mágoa do que há-de vir [hoje, amanhã, depois] que corrói sem piedade, que torce o coração qual toalha encharcada ao fim de um dia de brincadeira perto do rio. Uma incerteza sem razão, porquanto sendo uma ilusão; não uma incerteza real, apenas uma incerteza criada na tentativa de afastar uma certeza para lá de quaisquer dúvidas. Mas um dia questionada... quiça se para ser diferente? Uma perda de emoções. Um assistir à sua partida, lenta, vagarosa, sem pressas. Cada uma levando todo o tempo deste mundo e do outro até sair e caminhar para longe. Uma dor que não dói ao vê-las embarcar.
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Tudo e nada.
Só uma [pseudo] sabedoria guardada naquela caixinha misteriosa. Escondida num espaço que nem o tempo já recorda. Em cuja tampa se lê, gravado pelas chamas de outras eras, ser impossível prever o alcance das acções na existência que se vive como nossa, restando apenas agir. Bem, mal. Bem para mim, mal para ti. Mal para mim, bem para ti. Bem para mim, bem para ti. Mal para mim, mal para ti. Não sei.
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E lá dentro, o que está?
Não posso dizer.
Sei?
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Também não seria percebido.
Agosto '06
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5 comentários:

jumpman disse...

E no fundo, uma caixinha que pode dizer tanto de nós.

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Idiota disse...

É incrível como é que uma cadeia de imagens (letras), como as tuas, nos podem oferecer tantas sensações...
Sei (o que elas são)?
Bem, mal sei o que a mim me "toca"..
Tenho a certeza que não será percebido, e que só tu, como tu as percebes...

Anónimo disse...

Tudo e Nada. Será esse o segredo da caixinha? Ou será que o segredo dela é provocar a coragem de abrir a sua tampa? Olhar e aguentar o que de lá sair!!!

Silêncio © disse...

Bem minha querida, só tu podes saber o que a caixinha contém no seu interior.. e se não sabes talvez devas arriscar e abrir...

Um Beijo em Silêncio

Angell disse...

Realmente é como tudo nesta vida. Precisamos sempre de coragem para abrir as "caixinhas" que, nos surgem pela frente.

Fica bem, rapariga!

Bjs!