2 de setembro de 2007

O que adivinharam paredes e móveis

Apesar de tudo, foi um acordar frio. Sentia-se o silêncio pesado, esmagador, da casa vazia de outras respirações serenas tranquilamente chegando à madrugada de um dia nascente. Um silêncio que percorria as paredes matizadas por sombras de cortinas mal cerradas, entrava neste quarto e naquel'outro, soprava ao ouvido e arrepiava o corpo já acordado para as horas de luz a chegar.
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Reinava, de trono altivo e majestral, a ausência. Simplesmente a ausência: de uma réstia de crença, de uma vontade de qualquer cor, de um perfume cumprimentando consigo fosse o que fosse que se escondesse sob as saias de vultos mal definidos no cinzento das esquinas.
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Por momentos e apesar de tudo, o corpo ficou pequenino e insignificante, perdeu-se nos lençóis e desapareceu na incerteza de si. Vigiado por paredes e móveis esguios, estátuas gélidas ao vento, inertes, de olhos intensos, perscrutantes.
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Captado ali fora em Agosto '06

Apesar de tudo, foi um acordar. Instantes. Somente.

1 comentário:

jumpman disse...

Leio cada linha e absorvo cada palavra como se parte delas pudessem ter saído do meu acordar.

Ausência..

"How I wish, how I wish you were here."


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