20 de janeiro de 2008

Coisas de ouvido

Gosto de te ouvir. Quando falas ao meu ouvido do outro lado da linha; quando um sussurro chega devagarinho, com a tua respiração rente ao meu cabelo; quando, a meio da noite, relembro todas estas palavras. E então, como ao pousar a cabeça pela primeira vez na almofada, adormeço envolta nas recordações das oscilações da tua voz, das quebras, das paragens, dos sorrisos que os teus lábios desenham aqui e além, do brilho dos olhos, da luz e das sombras nos contornos da tua cara, quando as frases vivas revigoram e os sentimentos enevoados que espreitam, a medo, afundam o ser que tens dentro do peito.
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Gosto de saber que falas sem ocultar as paredes rachadas da tua alma. Quando me dizes bom dia, gosto de ti e dorme com a certeza de que uma presença invisível repousa ao teu lado. Porque assim me sinto tão, mas tão perto do verdadeiro tu que olhos poucos vêem. Tão incrivelmente perto de ti.
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Gosto das conversas nunca incomodamente sem assunto. Quando em silêncio, conversamos com a mesma linguagem, embora renovemos os modos de expressão. E nunca ficamos incomodamente sem nada para dizer. Nunca. Saberão os enamorados separados pelas pipocas ou pela mesa do café, que a respiração serenada pela companhia conta um mundo de histórias? E que o livro da nossa memória é página única dos seus capítulos? Duvido. Minto. Tenho a certeza.
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Gosto de te ouvir, de perceber a verdade nas palavras e encontrar novos sorrisos ao simples toque de um dedo.
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Não deixes de falar. Não cales o teu espírito.
Faz-te ser quem és.

E a mim... nem sei. Perdi-me em pensamentos enquanto te escutava.
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9 comentários:

... disse...

Passei aqui para deixar a minha impressão digital.

Gostei do texto...!

Cumprimentos.

Divinius disse...

A luz que te deixo é da cor da minha vida...)

jumpman disse...

Gosto de ter sentir a meu lado quando te adormeço. Gosto de sentir as tuas mãos nas minhas. Gosto do teu perfume. Gosto de, a cada dia que passa, escrever mais uma página nesse nosso livro.

Gosto..

Oliver Pickwick disse...

Humm... Maria José se revela, exibindo uma escrita rara em seus posts, diferente das usuais. Doce e romântica, muito além do "diga 33" ou "respire fundo".

"... quando um sussurro chega devagarinho, com a tua respiração rente ao meu cabelo..."

Nem num filme da Meg Ryan acharia outra expressão melhor.
Beijos!

Oliver Pickwick disse...

Deixei um comentário a respeito do seu mais-que-revelador texto postado no dia primeiro de janeiro. Como estava viajando nesse período, não houve oportunidade de o ler.
Beijos!

Oliver Pickwick disse...

Muito barulho por nada. Mas, tudo bem quando acaba bem! ;o)
Beijos!

Alma Nova ® disse...

Nos sussurros quentes que entram em nós, desmanchamos a nossa alma e a oferecemos, pedaço a pedaço, ao espírito que nos fala com verdade.

ivone disse...

nada melhor do que nos perdermos em pensamento...para nos reencontrar após

Anónimo disse...

Na simples troca de um olhar, os sons do silêncio, gritam palavras de... Estou Aqui