Lá em cima, parecia tudo tão pequeno. Os carros corriam velozes, mas em silêncio; as pessoas flutuavam num fundo negro e, aqui e além, cruzado por linhas brancas e amarelas; as cores dos semáforos adivinhavam-se com dificuldade e as lojas vistosas brilhavam sem que se lhes distinguisse o destaque de uma nova colecção.
Lá em cima, uivava o vento, o cabelo teimava em colar-se à cara fria, o cachecol tremia a cada nova investida do ar revolto. E nenhum outro som. Talvez um avião ao longe. Seria?
Naquele terraço de betão, topo da cidade, as luzes adormecidas preparavam-se para cumprimentar a noite. Uma vertigem inesperada tomava conta do corpo quando a curiosidade vencia e ver mais além empurrava, com mãos de seda, o corpo confuso num passadiço estreito. Apenas para ver o que se escondia lá à frente... atrás dos caixotes empilhados.
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Muitos metros acima do chão, sentindo a vibração do ferro e do cimento sob os pés, era intocável. Podia gritar e limpar a consciência. Pensar e esquecer. Ser imortal.
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7 comentários:
Não são poucas as vezes que mergulhamos em nós próprios e por lá nos passeamos... ou carregados de alegria ou de tristeza... outras alturas, sentimo-nos tão poderosos, na nossa força interior, que, realmente, roçamos a sensação de imortalidade...
É bom sentirmo-nos vivos, bem vivos...
Beijinho
No topo do mundo somos deuses...e insignificâncias, quando olhamos e nos colocamos no lugar das formigas que passeiam nos carreiros lá em baixo.
Vim conhecer o teu mundo e adorei...
Lindo blog, lindas palavras...
Escuta o mar, ouve as ondas na praia, vai mais alem... segue o teu sonho
Tu és imortal! Serás! No espaço intermédio entre a vida senciente e a viagem...
Na noite onde se esconde o canto dos pássaros
De onde nasce este manto de bruma
Para que norte viajam os teus anseios
O que procuras perdido na espuma?
Bom fim de semana
Mágico beijo
Imortalidade, uma realidade em que acredito, sabias.
Espectacular,,,, gostei dessa maneira como escreves,,,, acho que vou passar a ser teu cliente nessa imortalidade,,, parabéns,,, HCL
Gostei de te ler...
gostei da forma de afastamento que te deu a visão da outra perspectiva que veio plena de sensações
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