20 de abril de 2008

Neste dia, nesta hora e noutras assim

Chocolate, sabor intenso, negros grãos de paladar incandescente.
Vermelho vivo de vida, fruta dançante aromatizando o ar quente ao redor da gente, aguçando os sentidos com o seu toque fresco.
Pequenos quês, tão grandes que me dói a alma de pensá-los findos e se me alegra o espírito pela simples lembrança de serem reais. Coisinhas de nada que costumam ficar nas entrelinhas, mas que prefiro infinitamente mais sentir na pele quando tocar o papel do nosso tempo; agora, que ainda tenho nos recantos das mãos os contornos de ti, e depois, quando for dormir apenas com uma sombra e um perfume. O perfume, que se esvai nos dias com o vento da manhã percorrendo o meu quarto; o perfume, que nunca sai de dentro de mim.
Pormenores que talvez devessem ser apenas curiosidades, porém que cresceram e cresceram e cresceram e agora já não tenho olhos que vejam onde acabam. Apenas e somente braços que os envolvem no meu presente. Insignificâncias empoladas (?) pelo coração da escritora rebelde e orgulhosamente sem respeito pelas regras, sentidas pela inteligência da mulher, e uma e outra vez revistas quando dos olhos abertos apenas tenho a aparência e somente, isso sim, me fixo nas imagens projectadas por mim, em mim. As imagens animadas de nós. Quando a solidão chega no meio de tanta gente e outras incontáveis coisas, relevantes para tantos mas já sem qualquer animação, imprimindo a menor vibração a este ser; quando é escuro e, sem sono, apenas a lembrança de um respirar se deita ao meu lado. Quando podia escrever um livro de um trago de ar. Sobre a saudade. Sobre a certeza. Sobre as coisas simples.
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5 comentários:

jumpman disse...

História simples. Que faz com que o corpo durma um pouco melhor todas as noites, mesmo que sinta a falta do aroma ali tão perto. À distância de um abraço e toque de cumplicidade.



Anything and Everything..

Idiota disse...

:)

Pedro Branco disse...

Somos todos saudade nos versos que se cantam na noite. Comemoramos as histórias e a verdade, sem pedir licença à dor. Encontramos o acaso. O olhar das ondas por entre labirintos e as teias da nossa memória. Arrancamos tudo para de novo, nus e com frio, voltarmos a sentir o calor da existência. Somos todos saudade...

Oliver Pickwick disse...

Continuo fã deste seu estilo de inserir uma Enciclopédia Britânica num texto pequeno e repleto de nuances tais como: "...Coisinhas de nada que costumam ficar nas entrelinhas..."
Suponho que as suas entrelinhas são assim como a Via Láctea.
Um beijo!

O Profeta disse...

Aroma de simplicidade...cores de invulgar intelectualidade...


Doce beijo