23 de maio de 2008

João Pestana

À noite... à noite gosto de dormir. Barulhos, loucuras, copos, carros, luzes desfocadas num caminho que se percorre de cor. Não. À noite quero descanso, nevoeiro lá fora, chuva forte batendo enraivecida no asfalto, céu limpo deixando que brilhem estrelas quiça de um outro universo que não se auto-restrinja; seja como for, um fechar de olhos no regaço de uma lembrança ali ao pé. Escutar as músicas que me chegam ao sentir por entre os espaços do ar, contado histórias, mostrando cenas interrompidas de um filme inacabado. A simplicidade de um dia e outro. Sem a inutilidade de uma vida sobrevivida sem interesse, descartando a futilidade dos sorrisos, esboçados porque sim nos lugares de sempre. A tranquilidade de uma certeza. Sem a dúvida da certeza intranquila que agora é e devia ser outra coisa qualquer.
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À noite... à noite deito-me e gosto que me falem, na solidão, do silêncio sussurante lá fora, dos candeeiros que mostram o pontão àqueles olhos errantes que o fitam ao longe, da continuidade no abraço. Não. À noite queria descanso. Queria dias com letra maiúscula.
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3 comentários:

jumpman disse...

O desejo que se vê por detrás do olhar..

Anónimo disse...

Momentos,
Feitos de dias e de noites,
Vida...

O Profeta disse...

Olá Maria José, prque será que me inspiras coisas boas?!


Doce beijo