7 de maio de 2008

Wires

É um dia que acaba, depois de ter sido muitas horas e um Sol tímido que se mostrou já mesmo antes de ir dormir.
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Aqui, perto do cheiro a mar e perfume de rosas queimadas, vi adormecer o vento revolto, chegar a noite confusa, abraçando em espinhos os moribundos sem lugar seu e cama de ninguém. Peguei num livro de páginas mil e frases desencontradas, escutei os motores lá fora, partindo para longe. Li um excerto de nada de especial e os olhos detiveram-se uns segundos em notícias desinteressantes, empoladas na televisão como flictenas dolorosas após caminhada desgastante. Se fumasse, teria pegado no maço encurrilhado e saciado o vício inquietante, afogando a culpa da doença futura num café forte, amargo, fumegante. Ou teria até devorado um chocolate aromático, choramingando mágoas estúpidas momentos depois, no chão frio de mármore de um outro quarto. Apenas, pelo chegar ao fim de um dia de horas sem chuva, somente nevoeiro sem orvalho, nuvens sem geada. Apenas, pela lembrança de ninguém.
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Mas nunca assim realmente. Pela simples recordação viva de gente única e singular. Em número. E no Ser. Sim, no ser com letra destacada, pela simplicidade e conforto da alma que transporta ao sono atribulado que me visita sem pedir.
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4 comentários:

jumpman disse...

Pela recordação constante.

Pela mão sobre a face que faz adormecer.

jumpman disse...

"It's never over, my kingdom for a kiss upon her shoulder
It's never over, all my riches for her smiles when I slept so soft against her
It's never over, all my blood for the sweetness of her laughter
It's never over, she's the tear that hangs inside my soul forever"

O Profeta disse...

E as páginas se vão enchendo som o sublime dos teus sentires...musica!? Palavras?...tu...

Doce beijo

Oliver Pickwick disse...

"Apenas, pela lembrança de ninguém..."
Esta é uma daquelas expressões raras, a qual lê-se apenas uma a cada ano.
Um beijo!