31 de julho de 2008

Assim, aqui

Vejo meio céu azul e meio céu cinzento. O azul caminha para cima e para cá. O cinzento foge depois de ter chovido a água de um Verão sem cheiro a erva quente; antes, uma estação de terra húmida, minhocas gordas, pés molhados ao sair do carro. Um reflexo vermelho salta da janela de uma casa lá ao longe, no fim da estrada que vejo desde lugar mais alto. É o Sol que se mostra e que ninguém vê, ansiando chegar a casa e mergulhar num banho quente, com Sol ou sem Sol, tanto faz.
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Um céu a duas cores.Curioso.
Estará alguém lá em cima, com pernas fininhas, olhos esbugalhados, cabeça fumegante? Vendo o teatrinho cá em baixo?
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26 de julho de 2008

Guias

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Às vezes olho para as poeiras caídas no vidro, deixadas sobre a transparência e molhadas pelos chuviscos que caíram ao fim da tarde. Fico a vê-las cair devagarinho ao chegar de um vento fresco, estranho ao tempo e às horas destes dias.
Perco-me nos contornos do pó e descubro constelações sem nome sobre os telhados transparentes, pintalgados pelo orvalho, coloridos pela água que verteu do céu.
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E adormeço. Sem arrepios, sem ilusões, sem gente no sofá ao lado. Com a memória de um tocar de cabelos.
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20 de julho de 2008

Uns dias mais tarde do que os que foram

Voltei de muitos sítios, de noites no silêncio das estrelas, de um abraço.
Esperavam-me uns sorrisos à mesa de jantar, contando as histórias destes dias.
Aguardava-me o que mais quero longe, o que menos desejo viver todos os dias.
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Oh, a tristeza e o vazio que me invadem o pensamento ao saber impossível outra sina!
Deixa-me dormir e apertar a tua mão. Só isso. Só para não esperar sozinha pelas horas que aí vêm!

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11 de julho de 2008

Letras

Há uma história escondida por entre as rugas da minha roupa. Um tempo que corre e uns momentos que fogem do passado, encontrando refúgio na memória crescente. Fugaz e insípida passa a hora do aperto cá dentro. E fica depois o nada ao escurecer. Corredores vazios de gente, silêncio avassalador. Uma fusão de saudade de ti. Deles. Do amigo. De mim perdida acho que não.

5 de julho de 2008

O bilhete que não ouviste

Obrigada.
Mas és distante demais. Muito diferente. E subtilmente indiferente, ou pessoa mais próxima do que eu poderia ter sido, desde que pus os olhos neste mundo, do que de tud quanto acabei por ser.
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É pena.
Mas assim continuo a minha vida sem a alegria que lhe podias dar. E continuo a contar mais um dia e mais um mês entre um abraço que não vês. Adormecendo sob olhos que não dormem... sem mim.
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