31 de agosto de 2006

Sem saber



"Eu tinha-me convencido de que havia de aguentar, que o mais doloroso não acontece por acaso e sem sentido uma única vez, se bem que uma parte de mim se espantasse por eu estar a aguentar."

[Pedro Paixão]


O resto das palavras.
As minhas.



Não sei onde estão hoje.

30 de agosto de 2006

Apenas...

Queen - Too Much Love Will Kill You
Porque desde sempre presente em mim.
Porque me aconchega. Mesmo quando faz chorar.
Porque é uma música... sem igual.

Lá em cima, no escuro


Dentro de 60 anos [mais coisa menos coisa, não quero fazer muitas contas] podê-lo-ei ver outra vez. Imaginar cada centímetro da sua cauda encurtar, deixando um rasto mágico à passagem.
Às estrelas cadentes evanescentes sobre as nossas cabeças, pedem-se desejos, numa esperança cega de que o perdido meteoro seja mártir e leve mais além aquele pensamento especial. Aos cometas, talvez não se peça nada de especial. Talvez apenas neles se fixe o olhar e se abra a inteligência. Para quê? Provavelmente para nada. Apenas para dizer "vi-o". Ou então para através daquele corpo celeste em trânsito no céu escuro, se sonhar em chegar mais além.
Um dia, prometi lembrar uma existência finita e já decomposta em inúmeros pedacinhos de terra, no momento em que os meus olhos se deixarem ofuscar pelo Halley. E as promessas cumprem-se. [Esta pelo menos.]
Que outras recordarei nesse dia? Tenho já uma ideia.
Que outras terei ao meu redor nesse instante? Não sei. Talvez nenhuma.
Onde me deixarei levar pelo sonho do infinito?
No deserto. Talvez...

29 de agosto de 2006

Life is ours, we live it our way



Metallica - Nothing Else Matters, live



Estranho, deveras estranho tenho que admitir, deixar uma música. Afinal, a escolha é sempre tão pessoal e... incompreendida. Sempre tão passível de crítica e... desdenho, até.

Mas ao percorrer estradas conhecidas, deter o olhar em locais familiares, reviver um pouco do futuro e do passado, sem dúvida que foi este o som que me acompanhou.

E, hoje como na primeira vez, no silêncio do meu quarto ou na emoção da actuação ao vivo, muito mais do que a letra, muito mais do que aquilo que possa ou não dizer, de mim, de quem está ao meu lado, de quem vejo na rua todos os dias, de quem parte deste mundo, muito mais do que a música, porém então todo o sentimento... abre o meu olhar. Chega bem lá ao fundo. Aproxima-me de mim. E, na lágrima inexplicável que carrega e me transmite, traz um desabafo, uma calma, um aperto e desaperto de dor miudinha e ininteligível.

Porquê aqui? Porquê hoje?
Por nada. Sincera, verdadeira, honesta e unicamente por nada. E pela electricidade que descarrega de cada vez que se aproxima de mim.

28 de agosto de 2006

Mansão


"Ha ha ha... Pois..." Ri-te. Ainda hás-de chorar. Não acreditas? Também não preciso da tua aprovação, da tua crença. Vou lá abaixo e pronto. Não é assim tão longe daqui. Uns quantos passos no Caminho das Bruxas, uma porta tombada e uns degraus. E já lá estou. Escuro? Disseram-me que sim. De qualquer maneira levo a minha lanterna. E o medo pode deixar os sentidos mais apurados. Isso sabes. Não digas que não. Olha que daquela vez... Mas enfim, continuando. Não acreditas e não te vou provar que estás redondamente enganado. Só que quando regressar... não sei se te conto o que vi por detrás da pilha de caixotes que lá encontrei, ou escondido numa parede falsa. [Isto é, pelo menos nos filmes é assim.] Vou guardar para mim os tesouros que lá puser a descoberto. É o preço que pagas por não crer na minha determinação. Azar.

Talvez te fale apenas das teias de aranha que me toldaram a vista e me fizeram praguejar. Hummm e sobre o ar bafiento logo se vê. Pode ser que te conte.

27 de agosto de 2006

Leve, levemente


E até dormia tão serenamente.
Assim parecia, pelo menos. E assim respondia às incontáveis indagações "e o sono? Dormes bem, ao menos?".
Mas houve uma manhã diferente. Talvez, porque tenha sido visitada por imagens, sons, cheiros, fragmentos de outros tempo e lugar, na calada da noite. Talvez, porque tenha sido o sono, de mansinho, pontuado por aquilo a que chamaram, nalgum momento, sonho ou pesadelo. Talvez. E talvez os fragmentos de vida irreal que assim o coloriram de vermelho garrido a negro tenebroso, tenham deixado uma saudade, uma mágoa, uma alegria tímida materializadas no instante do regresso ao mundo dos olhos abertos; quando também os seus assim ficaram ao sentir os primeiros raios de Sol da manhã nascente. Lágrimas? Não. Já não. Só no sonho que percorreu a noite consigo. E essas... alegria e tristeza.
Abriu todas as janelas e portas. Deixou entrar o Sol. As recordações do sonho? Imensas. Presentes e não esquecidas, porque realidade noutros momentos. Presentes e jamais queridas na prateleira dos desperdícios. Presentes e até, inexplicavelmente, ou não, mas também não importa [nem vale a pena] explicar, subliminarmente sendo pedras angulares no seu sentimento.
E quanta luz entrou nessa manhã! Embriagou o pensamento e os sentidos. E leve, levemente ofereceu o seu ouro, incenso e mirra à calma que tinha bem lá no fundo desde antes aquela noite diferente, para a não deixar queimar pelo calor do amanhecer.
Até que a sobriedade regressou.
Uma voz conhecida chamou.
"Então, a menina vai fazer esperar as visitas muito mais?"

26 de agosto de 2006

Na magia de um livro simples


E lia. Lia e deixava que outra vez o pensamento fugisse para aqueles tempos. Para outros tempos. Para os dias em que o seu poderio era... mágico. Não, não que agora o não possa ser também. Contudo, o encanto dos magníficos impérios, dos mitos e lendas que os rodeiam... esse jamais poderá repetir-se. E sentir-se.

Lia e deixava que a imaginação me levasse daqui por uns instantes. E me transportasse então para quando nascidas em berço de ouro, depois de uma vida de cortesia ou ascendendo na arte e profissão mais antigas do mundo, aquelas mulheres tinham... o mundo a seus pés. Literalmente.

Talvez quando reconstruir a minha máquina de cruzamento de séculos.

25 de agosto de 2006