12 de junho de 2007

Desculpa, não é um conto de fadas que escrevo... talvez seja a voz do cansaço

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Esta é sempre a noite mais longa do ano. A noite mais escura, apesar das estrelas que despontam por entre farrapos de nuvens que, num ou noutro desses anos, vagueiam lá em cima. A noite sem conforto, sem companhia além de mim, povoada pelos sons inconfundíveis da cidade adormecida. O serão que se transforma em madrugada, num piscar de olhos de cujas profundezas emerge um embaciado sem legendas. As horas que parecem não passar, relembrando tanto do vazio, que pouco mais se espera que chegue com os primeiros clarões da manhã nascente. Afinal, pouco chega, de facto.
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Não há inveja, muito menos cobiça do que outros têm, vivem, são. Isso jamais. Apenas a questão: como seria se houvesse quem se lembrasse. Diferente, obviamente. Talvez, não sei, não fosse melhor e, pior, duvido que pudesse conseguir. No fundo, como seria não passar outro e outro ano levando facadas que, sarando, cicatrizam cada vez menos bem. Até que podia ser engraçado lembrar de alguma gente, segurar no telefone e partilhar um dia que se quer de festejo, sorrisos, brincadeiras. É, até que podia. Mas isso são as coisas que vêm à cabeça enquanto se escreve. Não são aquelas que acontecem na noite ou dia que lhe cedeu posto.
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A noite mais longa do ano.
Tem tantas horas como as outras, acontece no mesmo quarto daquelas outras menos extensas, desaparece ao som das mesmas músicas que repousam nestes ouvidos que duvido alguma vez se terem fechado.
De especial tem ser a mais escura, aquela em que a companhia se revela como é – na prática, uma ilusão; aquela que dá lugar a um dia sem cor, sem sentido, dispensador de balanços e resoluções de ocasião, sem telefonemas, sem convívio especial. Um dia que bem podia servir de rio a uma nova ponte, e ser passado por cima sem olhar o que corre lá em baixo.
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É a noite que vê nascer o dia dos meus anos.
A cada ano, por imposição do Tempo, irrepetível e imutável. A cada ano mais esquecido.
Este ano, em especial, deveras insignificante. E quase esquecido, não fosse por impor a memória de que facilmente um quarto de século se passa sem criar laços que valham a pena.
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E que tal agora ir dormir e deixar chegar o Sol que se adivinha perto?
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12 comentários:

Sleeping Angel disse...

Nós que passamos horas
Em frente a um PC
Dia após dia,
Partilhando as nossas vidas, os nossos sonhos,
Os nossos medos, os nossos erros.
Um dia tudo se modificou,
vocês transformaram-se
Nos meus mais queridos e estimados amigos.
Vocês são tão importantes
Para mim
Como qualquer um
Dos meus amigos pessoais,
Sorrimos,
Compartilhamos as nossas brincadeiras.
Contamos as nossas histórias.
Os Amigos
Unem-se Pelo Coração
Sem palavras,
Sem compromissos,
Sem cobranças,
Sem trapaças...
Sem interesses,
Sem susceptibilidades,
Sem expectativas,
Sem culpas,
Sem vaidades...
Quem pensa que engana,
Engana-se...
Não é possível
enganar um coração!
Somente os sentimentos
podem unir pessoas
Quaisquer que sejam.
Sejam bons ou maus,
a reciprocidade faz o elo.
Amigo virtual
É aquele que se quer
E que nos quer bem.
Amigo ao qual nos acostumamos.
Amigo que imaginamos os olhos,
o sorriso, o perfume,
o corpo, a cor dos cabelos, o tom da voz!
Amigo que sentimos muita vontade
de conhecer pessoalmente.
Amigo a quem desejamos dar e receber um abraço.
Amigo que queremos ver sorrir
A todo instante!
Amigo a quem desejamos sucesso
Em todos os eventos
E momentos da sua vida.
Amigo ao qual desejamos que encontre
a felicidade pelos caminhos que percorre.
Ao abrir as mensagens sentimos
o calor humano, o calor morno,
Suave que nos toca.
E quantas vezes damos por nós,
a chorar, ou a rir ao ler o que colocam
As piadas, os poemas,
os textos...
a todos, meus amigos virtuais,
Obrigada, por existirem!
Que o nosso elo seja verdadeiro,
Um sentimento de coração a coração!...
Meus melhores amigos da net!
Obrigada
Por serem meus amigos de Internet!
Hoje sem um ecran a separar-nos
Hoje amigos de verdade!
Para vocês:
Os meus sorrisos, e os meus sentimentos...
E todo o meu carinho!

Anónimo disse...

Será Minha Amiga? Quantos e tantos são os laços de amizade que as tuas palavras já criaram, quantas são as saudades que crias quando não escreves...
Tudo vale a pena quando se tem uma Alma com "Uma espécie de nada", que simplesmente significa que tudo possui sem nada exigir...

Kolmi
Maria

jumpman disse...

"You are the first one of your kind"



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jumpman disse...

Esqueci-me de dizer.. O objectivo era mesmo esse, apoderares-te do post.. ;)

***

Idiota disse...

Mas porquê concentrar toda a atenção que nos podem dar num dia? (ou numa pessoa?, ou num "aspecto"?)...
Porquê fazer desse dia o dia especial, sendo já ele especial em si mesmo?, para quê torna-lo assim como a análise do que vale e não vale a pena, se em tantos outros podemo-nos sentir diferentes...?(ou fazer por senti-los diferentes...)
Talvez o verdadeiro equinócio sentimental reside no que se espera (e se sonha e que se quer ter) e não no que se têm ou no que se consegue, ou conseguiu, ou se poderá conseguir...

not me disse...

Parabens?! Um quarto de seculo nem é assim tão mau!Wellcome! Lol!
Conciliar os teus pensamentos com acções sería meio caminho para a resolução das tuas incógnitas... talvez estejas como eu, a viver uma vida que não te foi destinada! Mas a resolução não é morrer e nascer outra vez... é só nascer outra vez e não deixar morrer o que já se viveu! Não tens nada a perder se voltares a tentar subir o precipicio de onde um dia saltaste... aquele dia que nunca vais saber qual foi!

be happy... ;)

Maria José disse...

Idiota,

Especial em si mesmo?
É tudo uma questão de perspectiva.

Maria José disse...

Not me,

Saltar?
Não me parece que volte a escalar.

Um quarto de século. Mau? Os números não me preocupam. Nem as rugas.

not me disse...

Claro que não é mau... e ainda bem que o tempo não te assusta, a mim assusta-me é a falta dele e o que eu já desperdicei! Falando por mim, claro, ajuda-me a não deixar que isso aconteça mais.
;)

Jo disse...

Eu queria dizer algo, queria...mas todas as palavras se fecham em si mesmas qd tu escreves frases como esta...

"No fundo, como seria não passar outro e outro ano levando facadas que, sarando, cicatrizam cada vez menos bem"

e esta...

"Tem tantas horas como as outras, acontece no mesmo quarto daquelas outras menos extensas, desaparece ao som das mesmas músicas que repousam nestes ouvidos que duvido alguma vez se terem fechado."

O que dizer? apenas uma "espécie de nada" [e o apenas é um tudo bem grande]

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Idiota disse...

...ok, não sei se é importante mas dei-me conta que troquei o equinócio pelo solestício...mas tbém ficava bem ;)...

«Especial em si mesmo?
É tudo uma questão de perspectiva.»
Sim, tudo é uma questão de perspectiva e convém ajustar a nossa ao que queremos obter, digo eu...

Angell disse...

Os dias passam, alguns quer queiramos, quer não, marcam-nos mais do que outros. Nessas alturas fazemos uma revisão do que já vivemos, e iremos viver. O que conseguimos realizar até então; o que merece continuar... Desilusões também nos acompanham.

No entanto, não penses que não há quem te leia, escute e goste dos teus pensamentos; as tuas constatações... :)

parece que afinal foi desta que fizeste anos... Um quarto de século; és uma jovem com uma grande cabeça sobre os ombros. Que faças muitos, com felicidade verdadeiramente sentida; e... as rugas que irão sulcar o rosto; são apenas marcas de sabedoria em nós! :)

Bjs!