Uma vez vivida a perfeição, todos os pequenos quês desinteressantes e acontecimentos circunstanciais vazios de conteúdo, são nada mais do que nada; uma imensa perda de tempo e gasto desnecessário de sentimentos.
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Tocado o etéreo como jamais houvera quem o alcançasse, fica cá dentro o conforto desse instante, vivido num tempo e espaço deste mundo, porém certamente caído de um universo que não este. Porque sim, este infinito que cremos expandir-se e afundar-se no gritos abafados de buracos negros, tem um parente próximo; que vive dos nossos sonhos, ambições e momentos únicos de perfeição, a todos eles oferecendo morada eterna.
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Uma vez tocada a perfeição, as mãos agarram cada pedacinho de si e não deixam que fuja. Não deixam que escape do dia nem da noite que acontece; não se abrem ao desbarato e, antes, descerram-se lentamente ao Sol ou embaladas pelo perfume de uma vela na escuridão, oferecendo vida às memórias desse agora ou desse ontem que as coloriu e aqueceu. Nem que por uma vez. Nem que por um instante.
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Porquê? Tão simples, tão belo, tão misterioso quanto isto: pela serenidade sem preço que a perfeição de um olhar deposita no fundo de nós, para sempre. A perfeiçao que nos fala ao ouvido depois por dentro. Quando, sozinhos, adormecemos na sua companhia, procurando o sono. De corpo caído. De cabeça noutro mundo. Um daquele outro universo. Aqui tão perto.
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