Tenho a caneta presa. Ferrugenta sem ter apanhado ar do mar ou ser de ferro, sem estar escura nem áspera. Gasta de muitas letras, mas ainda plena de voracidade, porém sem pingo de tinta escorrendo no papel. Ali pousada e eu aqui, sem lhe pegar nem saber se arrume ou deixe estar. Ao ar. Ao tempo. Outras vezes assim estancou e naturalmente recomeçou a andar nas ruas das histórias e dos acontecimentos encontrados nos dias e nas horas que correm. Outras vezes. Mas agora sou eu quem não lhe quer dar o empurrão, tão-pouco querendo que me reflicta ou a outra coisa qualquer. Porque preciso de ser eu, uma nova pessoa ou apenas um fantasma sereno, para valer a pena.
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