Não sei de quê, de quem. Se de um alguém em particular, se de toda a gente, se desta noite enfeitiçada sem magia alguma [sobretudo aquela negra, dita oculta e secreta. Mas que seduz...]. Farta da confusão, da lágrima cristalizada, das mesmas músicas, das mesmas letras, das frases sem sentido, das respostas inacabadas, das questões impertinentes, da impotência de ser, da cobardia de dizer, do desejo de acabar sem ter começado. Arrebatada pelos acordes da madrugada que ainda não chegou [mas cujos contornos poderia descrever ao mais ínfimo pormenor; cor, tamanho, textura, odor] e pelo dia de amanhã [invenção de alguém ansioso por terminar o agora? ou de o perpetuar] que existe apenas no calendário de parede.
Erro. Nem mesmo assim se acalma um nervosismo que o não é, mas podia ser. Nem mesmo assim se vê com clareza o que não tem cortina que o impeça. Nem mesmo assim se percebe simplesmente porquê.
Desligar[-se ou –me] então? Nem isso. Não há fio para arrancar da tomada, nem bateria para lançar à água.
Ficar apenas contigo no sofá. Sem articular o que quer que seja que se assemelhe a palavras. Sem olhar com objectivo. Fixar as íris apenas onde acontecer que se retenham. Ficar apenas ali. Desejando não sei o quê. Procurando não tenho ideia alguma do que possa [querer] ser encontrado. Ficar ali. Só isso.
Já chega. É melhor ir dormir. As palavras pesam demais. Escritas, pensadas. Não ajudam. Não dificultam. Não fazem nada. Nada. Apenas e só, nada.